12 de agosto de 2011

30 milhões de analfabetos funcionais no Brasil

12 de agosto de 2011
 O Povo -  Opinião | CE
Vivina Rios Balbino - Psicóloga, mestre em Educação, prof. da UFC do Ceará e autora de "Psicologia e Psicologia Escolar no Brasil"
vivinarb@hotmail.com


Apesar do esforço do governo e de pesquisadores, dados da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) mostram que o Brasil é o oitavo pior país no ranking de analfabetismo: 14 milhões de adultos analfabetos. No mundo são 67 milhões.
Ocupamos a 7ª posição entre as potências econômicas, mas, segundo a Unesco, ocupamos o 88º lugar em educação. Temos cerca de 30 milhões de analfabetos funcionais. Só um em cada quatro brasileiros de 15 a 64 anos pode ser considerado plenamente alfabetizado. A proporção de pessoas que não sabem ler ou escrever no Brasil é maior que a média na América Latina e no Caribe. Segundo o Ipea, 98% das crianças brasileiras de sete a 14 anos estão nas escolas. Isso é fantástico, mas conter a evasão e oferecer ensino de qualidade é o desafio.
O Brasil investe R$ 1.900/ano em cada estudante do ensino básico e R$ 13 mil em cada um do ensino superior. Em sete anos, o número de matrículas na educação superior aumentou de 3,5 milhões para 5,9 milhões.
Grande investimento, mas quais são os grandes impactos de pesquisas e projetos socialmente importantes das universidades? Infelizmente no último censo Times Higher Education nenhuma universidade brasileira está entre as 100 melhores do mundo.
Com o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e ao Emprego (Pronatec), o governo promete R$ 1 bilhão; mais 200 escolas técnicas até 2014; R$ 700 milhões para bolsas de estudo e R$ 300 milhões em financiamento estudantil. Com isso, espera reduzir um problema crônico para o crescimento dos serviços e da indústria: a falta de mão de obra qualificada. Projeto ambicioso que contribuirá para a inclusão de milhões de brasileiros, mas precisa ter excelente gestão.
É de fundamental importância que educação seja efetivamente vista como inclusão social e qualidade de vida do povo. Uma recente pesquisa da Associação dos Magistrados do Brasil, Justiça em números - novos ângulos de Maria Tereza Sadek, revela a relação direta entre nível de escolaridade e busca dos direitos na Justiça. A autora comenta que a alfabetização implica maior conhecimento dos direitos e as pessoas procuram mais a Justiça. Um bom projeto nacional de educação necessariamente tem que incluir conhecimentos de direitos humanos e cidadania.
Piero Massimo Forni, especialista em civilidade pela Universidade Johns Hopkins, afirma que a falta de civilidade nos EUA custa US$ 30 bilhões/ano. Quanto custa no Brasil a falta de civilidade e cidadania? E o que isso tem a ver com educação de qualidade? Além do desenvolvimento, crescimento econômico, melhoria da vida dos cidadãos, uma educação de qualidade terá grande impacto na redução de violências e na criação de atitudes cidadãs.
O indivíduo bem alfabetizado é um cidadão sábio, crítico e se posiciona de forma positiva nas relações sociais aumentando o Índice de Desenvolvimento Humano - IDH da nação - menos criminalidade e maior qualidade da vida. Essa importante cadeia qualitativa diferencia uma grande nação. Educação de qualidade para todos em todos os níveis de escolarização é preciso!

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