10 de setembro de 2011

Mago em pele de cordeiro:Paulo Coelho


10 de setembro de 2011
Educação no Brasil | Folha de S. Paulo | Ilustrada | BR


Num projeto para introduzir Paulo Coelho em escolas do país, que inclui reedições com guias didáticos de leitura, editora lança livro com adaptações do escritor para fábulas de Esopo e La Fontaine
 

FABIO VICTOR DE SÃO PAULO
Era uma vez um mago que vendia milhões de livros pelo mundo. Uma editora do seu país pensou que, a partir de histórias já existentes, ele poderia atingir mais uns milhares de leitores, especialmente estudantes, e criou um projeto com esse fim.
Ainda é cedo para saber a moral da história, mas, pelo roteiro, essa não seria má: "Se bem reciclado, o sucesso é fonte que nunca seca".
O mago é o escritor Paulo Coelho, 64. A editora é a Saraiva (possui rede de livrarias e atua no setor de didáticos), que, por meio do selo Benvirá, acaba de lançar na Bienal do Rio "Fábulas", com histórias de Esopo e La Fontaine adaptadas pelo autor de "Diário de um Mago".
Além disso, o projeto de levar Coelho a crianças e jovens inclui a edição revisada de três títulos do autor ("O Alquimista", "Veronika Decide Morrer" e "O Demônio e a Srta. Prym") com "guias didáticos de leitura", para serem usados em salas de aula.
O diretor editorial da Benvirá, Thales Guaracy, diz que as "Fábulas" são a primeira obra que Coelho faz por encomenda, a partir de uma sugestão da editora.
O escritor relativiza. "Não existe isso, ninguém me encomenda nada. Se eu quisesse, teria parado de trabalhar há dez anos. Faço isso porque eu adoro, não posso viver sem esse tipo de trabalho", afirma, em entrevista à Folha, por telefone, de sua casa no interior da França.
Coelho conta ter se entusiasmado com o projeto. "Antigamente eu escutava no rádio a famosa frase 'No tempo em que os animais falavam'. Ao reler tudo aquilo, estou aprendendo e revendo toda a minha infância, estou tentando falar para a criança que eu fui e continuo sendo."
Ele admite que as alterações em relação às fábulas consagradas são "bem sutis" -o que indica quanto o peso da grife conta nessa jogada.
"No fundo, quanto mais próximo ficasse da ideia original, melhor. E foi o que eu fiz. É uma adaptação na qual procuro guardar o máximo de fidelidade ao original."
Em geral, o enredo é o mesmo, e a mudança mais visível é na sentença moral ao final.
Em "A Lebre e a Tartaruga", por exemplo, a história fica intacta -certa da vitória, a lebre vai cochilar e perde a corrida para a tartaruga-, mas a moral consagrada vai na linha "devagar se vai ao longe". Já Coelho crava: "A diligência é o que faz com que ganhemos as competições".
Guaracy diz que a edição das fábulas foi inscrita no programa federal de livros paradidáticos para ensino fundamental, mas que o resultado ainda não saiu.
As reedições com guias de leitura estão, desde janeiro, sendo divulgadas para professores de ensino médio das redes pública e privada, que podem utilizá-las como material de apoio -os alunos podem comprá-las em livrarias.
Tanto autor quanto editor têm como modelo o que ocorre em outros países, entre os quais os EUA, onde escolas adotam, sem chancela do governo, livros de Coelho.
Segundo a agente do escritor, Mônica Antunes, na Espanha, onde ela vive, os paradidáticos de Coelho vendem 85 mil cópias ao ano.
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