10 de setembro de 2011

Um olhar sobre a educação brasileira e seus problemas


10 de setembro de 2011
Educação no Brasil | O Tempo | Opinião | MG

A educação brasileira, como instrumento de elevação espiritual, conquista da cidadania e habilitação profissional, passa por um momento especial, jamais vivido em nosso país. Na verdade, a educação de 3º grau, que apresentou notável expansão quantitativa nos últimos dez anos, ainda não nos colocou no patamar dos países mais desenvolvidos e ainda não nos igualou a países americanos como a Argentina, o México, o Chile ou o Uruguai, dentre outros.
Na faixa etária própria, temos menos jovens cursando o grau universitário que aqueles vizinhos, com maior tradição e investimentos no ensino do 3º grau. Ao mesmo tempo, das vagas ofertadas, 2/3 estão em instituições privadas, e os instrumentos do Fies e do Prouni, apesar de relevantes e inovadores, ainda não conseguiram colocar no setor privado de ensino uma massa expressiva de alunos carentes, oriundos da nova classe média que emerge da pobreza.
As cotas para minorias, a dilatação dos prazos do Fies e a redução drástica dos seus juros futuros (e sua eliminação, no caso do magistério) são passos importantes, a serem complementados com novas ações, nas quais registro o notável avanço do ensino à distância, tanto no setor privado, como através da Universidade Aberta do Brasil.
Ao se examinarem o conjunto de cursos e as áreas de conhecimento a que se dedicam, verificamos que a área tecnológica fica esquecida, criando-se um vazio na oferta de mão de obra qualificada em setores sensíveis e imprescindíveis ao desenvolvimento sustentável do país. Obras civis, comunicações e informática são alguns setores que sofrem com tal carência de profissionais competentes.
Nos cursos de engenharia - e já temos quase 30 especializações no mercado -, formamos apenas 5% ou 10% do total de bacharelandos em países como Coreia do Sul, China, Índia ou EUA. A prova ABC, divulgada neste mês, mostra que quase 58% dos alunos do 3º ano do ensino fundamental não conseguem resolver problemas básicos de matemática. E, infelizmente, a rede pública apresenta piores resultados; só 43% dos seus alunos aprenderam o esperado em matemática, contra 74% dos estudantes do sistema particular de ensino.
Em testes de leitura e escrita, esse quadro se repete, comprometendo a escola pública, que tem poucas exceções em termos de alta qualidade no ensino. Se não conseguimos romper ainda barreiras como o desenvolvimento pleno da leitura, da escrita e da reflexão, que permeia o entendimento científico, é porque falhamos na metodologia, na comunicação ou exposição do conhecimento, provavelmente porque o magistério nunca teve entre nós o valor atribuído a outras profissões ou áreas de atuação.
O mais novo passo do Ministério da Educação pode levar a uma transformação radical em nossas escolas; trata-se de eliminar a repetência até o 3º ano do ensino fundamental, substituindo-a pelo reforço escolar sistemático, a aplicação de mais avaliações periódicas e maior acompanhamento em disciplinas mais complexas.
Em países como o Japão, esse modelo tem obtido sucesso e já temos escolas onde a repetência só ocorre em ciclos maiores, criando espaço para o reaprendizado e o reforço escolar. Nossa taxa de reprovação de 11% é das maiores do mundo e esse é o caminho mais curto para a evasão escolar, de consequências dramáticas para a nossa juventude.
Neste momento, acreditamos que o grande passo é nos voltarmos para o professor, para que ele seja bem-remunerado, socialmente respeitado e admirado como pilar do processo educacional brasileiro.

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