Diário na internet melhora mais o ânimo dos adolescentes do que os relatos feitos em papel
30 de janeiro de 2012
Pamela Paul, do The New York Times
Antes da internet, as primeiras palavras que muitos adolescentes americanos compunham em seus momentos de aflição eram “Querido Diário”. Após vários parágrafos despejando no papel as angústias sobre grosserias na lanchonete, paixões não correspondidas e coxas acima do peso, o(a) autor(a) do diário se sentia com frequência melhor.
Faz já algum tempo que pesquisas respaldam o valor terapêutico da manutenção de diários por adolescentes em geral. Um novo estudo revela, porém, que quando adolescentes detalham suas angústias no seu blog, o valor terapêutico é maior.
O estudo - publicado em The Therapeutic Value of Adolescents’ Blogging About Social Emotional Difficulties, escrito por Meyran Boniel-Nissim e Azy Barak, professores de Psicologia na Universidade de Haifa, Israel - revela que o engajamento numa comunidade online permite que o blog se torne mais eficaz que um diário privado, aliviando as tensões sociais do escritor.
Para monitorar experiências de adolescentes com blogs, os autores do estudo pesquisaram aleatoriamente alunos do ensino secundário em Israel e selecionaram 161 (124 garotas e 37 rapazes, uma distorção de gênero significativa) que mostravam algum grau de ansiedade social ou estresse. Os adolescentes, com 15 anos de idade, em média, declaravam ter dificuldade de fazer novos amigos ou de se relacionar com seus amigos existentes.
Os adolescentes foram divididos em seis grupos. Os dois primeiros foram solicitados a escrever sobre suas dificuldades sociais no blog, sendo que os membros de um dos grupos tiveram de abrir suas postagens para comentários. Aos dois grupos seguintes foi pedido que escrevessem em seus blogs sobre qualquer coisa que impressionasse sua fantasia adolescente; de novo, os membros de um desses dois grupos tiveram de abrir suas postagens a comentários.
Os quatro grupos receberam a recomendação de escrever em seus blogs ao menos duas vezes por semana. Como controle, solicitou-se dos dois últimos grupos que ou mantivessem um diário impresso à moda antiga ou não fizessem absolutamente nada.
As contribuições aos blogs foram examinadas por quatro sociólogos para determinar o estado social e emocional dos autores. Em todos os grupos, a maior melhoria de ânimo ocorreu entre os blogueiros que escreveram sobre seus problemas e permitiram os comentários.
Curiosamente, os comentadores nos blogs foram cooperativos em sua imensa maioria. “O único tipo de surpresa que tivemos foi que quase todos os comentários feitos por leitores foram muito positivos e construtivos, tentando oferecer apoio aos blogueiros angustiados”, afirmou Barak.
As descobertas podem se sustentar no mundo virtual real também. “Eu decididamente escrevo postagens em que falo sobre ser oprimida, e isso me ajuda a relaxar”, disse Royar Loflin, uma blogueira de 17 anos de Norfolk, Virginia, que não participou do estudo. Embora seu blog, My Life as a Young Southern Prep, trate de tudo, de moda a críticas de livros, Royar também escreve sobre o stress de se preparar para a faculdade.
“As pessoas escrevem nos comentários ‘Eu me lembro de quanto estava na sua situação’ e ‘Não se preocupe, você vai passar nos exames!’, e é maravilhoso”, disse ela. “Realmente ajuda colocar tudo em perspectiva.” / TRADUÇÃO DE CELSO PACIORNIK
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