29 de janeiro de 2012

Patamar de violência :São Paulo



EDITORIAIS
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Números recém-divulgados pela Secretaria da Segurança Pública indicam que o Estado de São Paulo tem conseguido manter a trajetória de redução das taxas de homicídio, ainda que, em anos recentes, em ritmo mais lento.
A queda no número de assassinatos, no entanto, não parece se refletir numa diminuição da sensação de insegurança da população, influenciada, sobretudo, pelos índices de roubos e latrocínios, que seguiram em crescimento em 2011.
No ano passado, a taxa de homicídios alcançou a cifra de 10,05 casos por 100 mil habitantes. É menos da metade da alarmante média nacional, cerca de 25 casos por 100 mil habitantes.
Parâmetro para comparação: nos Estados Unidos e no Reino Unido, a taxa gira em torno de cinco homicídios por 100 mil -mesmo patamar da Argentina.
Entre 1999 e 2005, quando o Estado de São Paulo começou a obter sucesso na redução do número de homicídios, a taxa caiu à metade. Foi de de 35,3 para 17,7 casos.
Após atingir taxas próximas de dez, o ritmo de queda diminuiu, em decorrência de custos e dificuldades crescentes para trazê-los a níveis civilizados. Uma análise detalhada, no entanto, revela problemas da área de segurança pública que, superados, ajudariam a diminuir ainda mais a incidência de homicídios.
Um levantamento feito por esta Folha na cidade de São Paulo constatou que uma de cada cinco pessoas assassinadas no ano passado foram mortas por policiais.
Houve 229 casos de "resistência seguida de morte", decorrentes de supostos confrontos entre policiais e suspeitos, e 61 homicídios praticados por PMs fora do trabalho.
A simples redução da violência policial, portanto, poderia contribuir para trazer a taxa total de assassinatos no Estado para níveis abaixo dos dez casos por 100 mil.
As forças policiais tampouco se mostram eficazes no combate a roubos de veículos e latrocínios, que subiram 15,5% e 20,9%, respectivamente, em relação a 2010.
Em ambos os casos -no excesso de violência e na dificuldade para coibir ações criminosas- constatam-se os resquícios anacrônicos da cultura de segurança pública brasileira, que sempre privilegiou o caráter repressivo da polícia à prevenção e investigação de crimes.
Nas últimas décadas, São Paulo se tornou um dos Estados que mais investem na capacitação de peritos e no uso de estatísticas para combater o crime. Colhe resultados, mas ainda há muito a avançar.

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