22 de janeiro de 2012

Estudar e subir na vida ganham mais importância do que casar e ter filhos


DE SÃO PAULO
Mesmo separados por um hiato grande de renda familiar e de escolaridade, os brasileiros compartilham o desejo de subir na vida.
A realização profissional é considerada um valor muito mais importante do que casamento por integrantes de todas as classes sociais. Segundo o Datafolha, também prevalece a percepção de que a educação é o principal instrumento para a felicidade.
Para o cientista político Amaury de Souza, da MCM Consultores, com a universalização do acesso ao ensino fundamental, os trabalhadores precisam "ir além" para conseguir destaque no mercado de trabalho.
"Hoje não é mais possível ascender sem investimento em educação", diz.
Já a importância atribuída à realização profissional, na opinião de Souza, está ligada "ao desejo de conquistar uma renda alta e estável".
Escaldados pelo histórico de altos e baixos da economia do país, os brasileiros também passaram a valorizar a "estabilidade no trabalho".
"Para ter uma família estruturada, poder dar aos filhos o que acho que eles vão precisar, preciso ser uma profissional completa", diz a médica Denise Torejane, 28.
Ela está acabando a especialização em cirurgia plástica e trabalha ao menos 12 horas por dia. Tem namorado, mas diz que casar e ter filhos não é prioridade agora.
Casado e à espera da primeira filha, o professor universitário Leonardo Pio, 28, também diz que realização profissional é o que mais importa na sua vida hoje.
"Talvez eu passe a pensar de forma diferente com a chegada da minha filha, mas acho que realização profissional é importante tanto pelo retorno financeiro como pela conquista pessoal."
Embora brasileiros de diferentes estratos sociais pareçam concordar sobre que aspectos são mais importantes para a felicidade, o grau de consenso é menor nas classes mais baixas.
Metade dos excluídos, por exemplo, citou o estudo como aspecto muito importante para a felicidade -na classe alta, o índice foi de 80%. Essa tendência se repetiu para quase todos os valores mencionados na pesquisa.
Segundo especialistas, isso pode indicar um grau maior de desilusão entre as camadas de renda menor. O desinteresse pela política parece confirmar essa leitura.
A falta de preferência por algum partido atinge 70% entre os excluídos, contra 54% na classe alta. (ÉRICA FRAGA)

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