5 de novembro de 2013

Mais estupros que assassinatos

 04/11/2013 às 22h17

Crescimento do número de violência sexual supera o de homicídios dolosos por dois anos consecutivos

DM    DIÁRIO DA MANHÃ
JOAQUIM MUNDURUCA
O Anuá­rio Bra­si­lei­ro da Se­gu­ran­ça Pú­bli­ca mos­trou em seu úl­ti­mo tra­ba­lho es­ta­tís­ti­co os nú­me­ros da vi­o­lên­cia no Pa­ís e em ca­da uni­da­de da Fe­de­ra­ção. O do­cu­men­to, uma pu­bli­ca­ção do Fó­rum Bra­si­lei­ro de Se­gu­ran­ça Pú­bli­ca (FBSP), do Mi­nis­té­rio da Jus­ti­ça e das fun­da­ções Ford e Open So­ci­ety, em sua sé­ti­ma pu­bli­ca­ção, di­vul­gou que o nú­me­ro de es­tu­pros no Pa­ís su­biu 18,17% no ano pas­sa­do em com­pa­ra­ção com o ano an­te­ri­or. Em to­do o Pa­ís, se­gun­do o es­tu­do, fo­ram re­gis­tra­dos apro­xi­ma­da­men­te 50,6 mil ca­sos, ou uma mé­dia de 26,1 es­tu­pros por gru­po de 100 mil ha­bi­tan­tes, su­pe­ran­do o nú­me­ro de ocor­rên­cias de ou­tros ti­pos de cri­mes vi­o­len­tos co­mo o ho­mi­cí­dio do­lo­so (quan­do há a in­ten­ção de ma­tar). Se­gun­do o es­tu­do es­ta­tís­ti­co, fo­ram 47,1 mil ca­sos de ho­mi­cí­dio do­lo­so re­gis­tra­dos no Pa­ís em 2012, ou se­ja, hou­ve um au­men­to de 7,8% dos ca­sos em com­pa­ra­ção ao bi­ê­nio 2010 a 2011. Em Go­i­ás, os nú­me­ros con­fir­mam a ten­dên­cia na­ci­o­nal. No mes­mo pe­rí­o­do ana­li­sa­do, fo­ram re­gis­tra­dos 2.466 ca­sos de es­tu­pro e 256 de ten­ta­ti­va de es­tu­pro, com au­men­to de 18% na ta­xa de ocor­rên­cia. As ocor­rên­cias de ho­mi­cí­dio do­lo­so no Es­ta­do atin­gi­ram a mar­ca de 1.995 se­gun­do o anuá­rio da FBSP.
Ape­sar dos nú­me­ros, Go­i­ás não es­tá no to­po e nem na lan­ter­na da lis­ta das uni­da­des da Fe­de­ra­ção com as mai­o­res ta­xas de es­tu­pro re­gis­tra­das em 2010 e 2011 e di­vul­ga­das em 2012. Fo­ram 978 ca­sos de ho­mi­cí­dio do­lo­so em 2010 e 977, em 2011, com 972 e 1.017 ví­ti­mas res­pec­ti­va­men­te. As ten­ta­ti­vas de ho­mi­cí­dio tam­bém fo­ram ele­va­das, 1.296 pa­ra 2010 e 1,447 pa­ra 2011. Os ho­mi­cí­di­os cul­po­sos fo­ram tam­bém ele­va­dos. No trân­si­to, ocor­reu o mai­or nú­me­ro de ca­sos, 527 e 789 pa­ra o bi­ê­nio 2010/2011. Ain­da de acor­do com a pu­bli­ca­ção, de 2007 a 2011, o nú­me­ro de ocor­rên­cias de cri­mes vi­o­len­tos le­tais in­ten­ci­o­nais só fez cres­cer. 1.348 ca­sos em 2007, 1.554 em 2008, 1.573 em 2009, um con­si­de­rá­vel de­crés­ci­mo no bi­ê­nio 2010/2011, 1.019 e 1.026 ca­sos, res­pec­ti­va­men­te. As mor­tes por agres­são tam­bém só fi­ze­ram au­men­tar, no mes­mo qua­dri­ê­nio, 1.426, 1.754, 1,792 e 1.896. Não há re­gis­tro par 2011.
Gas­tos e vi­o­lên­cia au­men­tam
Em re­la­ção ao es­tu­pro e às ten­ta­ti­vas de es­tu­pro a mu­lhe­res e vul­ne­rá­veis, os nú­me­ros de ocor­rên­cias su­pe­ra­ram aque­las re­la­ti­vas ao ho­mi­cí­dio do­lo­so. Em 2010, fo­ram 1.141 ca­sos e em 2011, 1.325, e 89, em 2010, e 167, no ano pos­te­ri­or, res­pec­ti­va­men­te pa­ra es­tu­pro e ten­ta­ti­va de es­tu­pro. Se­gun­do o anuá­rio, o mai­or nú­me­ro de re­gis­tros de es­tu­pro fi­cou pa­ra os Es­ta­dos de Ro­rai­ma, Ron­dô­nia e San­ta Ca­ta­ri­na, e os me­no­res pa­ra o Rio Gran­de do Nor­te, a Pa­raí­ba e Mi­nas Ge­ra­is. A des­pei­to de não de­ter o mo­no­pó­lio da vi­ti­mi­za­ção, nos ca­sos de es­tu­pro e de ten­ta­ti­va de es­tu­pro, a mu­lher per­ma­ne­ce sen­do a ví­ti­ma mais re­cor­ren­te. Num es­tu­do es­ta­tís­ti­co so­bre a vi­o­lên­cia con­tra a mu­lher, “Ma­pa da Vi­o­lên­cia: ho­mi­cí­dio de mu­lhe­res no Bra­sil”, do Cen­tro Bra­si­lei­ro de Es­tu­dos La­ti­no Ame­ri­ca­nos (Ce­be­la), com da­dos pu­bli­ca­dos no ano pas­sa­do, o Bra­sil foi clas­si­fi­ca­do na sé­ti­ma po­si­ção en­tre os paí­ses com mai­o­res ín­di­ces de vi­o­lên­cias con­tra a mu­lher re­gis­tra­dos em 2009. Go­i­ás foi a no­na uni­da­de fe­de­ra­ti­va com mai­or nú­me­ro de ho­mi­cí­di­os fe­mi­ni­nos. Em 2010, fo­ram 172 ca­sos, se­gun­do o mes­mo es­tu­do. E Go­i­â­nia foi a sé­ti­ma ca­pi­tal bra­si­lei­ra mais in­se­gu­ra pa­ra as mu­lhe­res. Fo­ram 46 ca­sos de ho­mi­cí­dio re­gis­tra­dos na­que­le ano. Se­gun­do a De­le­ga­cia Es­pe­cia­li­za­da de Aten­di­men­to à Mu­lher (De­am), em Go­i­â­nia, 728 in­qué­ri­tos po­li­ci­ais, 40 TCO’s, 29 pri­sões em fla­gran­te e 204 Bo­le­tins de Ocor­rên­cia por cri­mes di­ver­sos co­mo ho­mi­cí­dio, ten­ta­ti­va de ho­mi­cí­dio, es­tu­pro, as­sé­dio se­xu­al, ato ob­sce­no, le­são cor­po­ral, ca­lú­nia, in­jú­ria, di­fa­ma­ção, ame­a­ça, vi­o­la­ção de do­mi­cí­lio, apro­pria­ção in­dé­bi­ta, etc., fo­ram re­gis­tra­dos no mês de ju­lho. Em agos­to, fo­ram 664 In­qué­ri­tos, 35 TCO’s, 22 Pri­sões em Fla­gran­te e 191 BO’s. A de­le­ga­cia es­pe­cia­li­za­da ain­da não dis­põe de da­dos mais re­cen­tes so­bre a vi­o­lên­cia con­tra a mu­lher.
Em re­la­ção ao ho­mi­cí­dio do­lo­so, Ala­go­as é o lí­der no ranking de ho­mi­cí­di­os do­lo­sos com 58,2 mor­tes por gru­po de 100 mil ha­bi­tan­tes. Os Es­ta­dos me­nos vi­o­len­tos fo­ram Ama­pá, San­ta Ca­ta­ri­na, São Pau­lo, Ro­rai­ma, Ma­to Gros­so do Sul, Pi­auí e Rio Gran­de do Sul. A po­pu­la­ção car­ce­rá­ria tam­bém cres­ceu de 471,25 mil pre­sos em to­do o Pa­ís, em 2011 pa­ra 515,5 mil no ano pas­sa­do, e o cres­ci­men­to do nú­me­ro de va­gas nos pre­sí­di­os não obe­de­ceu a mes­ma es­ca­la. Eram 295,43 mil em 2011 e 303,7 mil no ano pas­sa­do. Em Go­i­ás, o fe­nô­me­no se re­pe­tiu. A po­pu­la­ção car­ce­rá­ria no sis­te­ma pe­ni­ten­ci­á­rio era de 10.996 pre­sos em 2010 e de 11.163 no ano se­guin­te. Em cus­tó­dia po­li­ci­al, eles eram 890 em 2011 e 845 no ano an­te­ri­or. E ha­via 10.996 con­de­na­dos em 2010 e 11.163 em 2011. O gas­to to­tal com se­gu­ran­ça pú­bli­ca em to­do o Pa­ís to­ta­li­zou R$ 61,1 bi­lhões no ano pas­sa­do e os In­ves­ti­men­tos em in­te­li­gên­cia e in­for­ma­ção al­can­ça­ram a mar­ca de R$ 880 mi­lhões. Em Go­i­ás, cer­ca de R$ 102 mi­lhões fo­ram gas­tos em po­li­ci­a­men­to, mais de R$ 5 mi­lhões em de­fe­sa ci­vil e R$ 164 mil em in­for­ma­ção e in­te­li­gên­cia, no ano de 2010. Um ano de­pois, ce­ra de R$ 145 mi­lhões ha­vi­am si­do gas­tos em in­ves­ti­men­tos na se­gu­ran­ça pú­bli­ca e pri­sões. (Ve­ja o Box com os nú­me­ros da vi­o­lên­cia em Go­i­ás).

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