Violencia: Efetivo da PM continua insuficiente no Ceará

26.11.2013, Diario do Nordeste

No Estado, existe um policial para cada 500 pessoas, enquanto o ideal seria um para cada 250 habitantes
Embora o Estado do Ceará tenha recebido 1.057 novos policiais militares no início deste mês, a proporção entre a quantidade de profissionais de segurança e o número de habitantes no Ceará é considerada insuficiente segundo os padrões da Organização das Nações Unidas (ONU). A entidade determina a existência de um policial para cada 250 habitantes. As informações foram divulgadas durante o I Seminário de Segurança Pública promovido pela Ordem dos Advogados do Brasil Seção Ceará (OAB-CE), realizado ontem.

SSPDS garante que em locais como o Centro de Fortaleza e Beira-Mar, desde a posse da última turma de PMs, furtos e roubos caíram 50% FOTO: NATINHO RODRIGUES

Somados aos policiais recém-nomeados, o efetivo da Polícia Militar totaliza 16 mil homens, encarregados da segurança das mais de 8 milhões de pessoas no Estado. Com isso, a proporção é de, aproximadamente, um PM para 500 habitantes.

Porém, mesmo depois de terem sido flagrados desarmados e sem equipamentos de proteção, os mais de mil policiais recém-nomeados, que passaram a atuar no início do mês na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), parecem ter mostrado resultados nos índices de criminalidade na Capital. Servilho Paiva, titular da Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSPDS-CE), afirmou que, em regiões como o Centro e a orla da Capital, onde houve reforço de policiamento, foi possível notar cerca de 50% de redução na prática de crimes como furto e roubo.

Dados
Neste último fim de semana, como noticiou o Diário do Nordeste ontem, foram registrados 26 assassinatos na Grande Fortaleza, aproximadamente um a cada duas horas. "Esse fim de semana não foi feliz para a segurança pública e a sociedade, mas no geral dos meses, temos estabilizado a curva de crescimento. Isso demora um tempo e faz parte de outras medidas que virão", disse o secretário.

O evento da OAB teve por objetivo proporcionar uma troca de experiências e estratégias para entre o Ceará e Pernambuco, o qual, de acordo com o Mapa da Violência 2013, apresentou quedas significativas nas taxas de homicídio nos últimos anos. O secretário de Defesa Social pernambucano, Wilson Salles Damázio, esteve presente.

Segundo ele, um dos projetos bem sucedidos da pasta foi a criação do Pacto Pela Vida, política integrada de segurança baseada na incorporação de inteligência, informação, tecnologia e gestão aprimorada, voltada para o enfrentamento à violência letal e aos crimes de grande potencial ofensivo, como tráfico de drogas, assaltos a bancos e formação de quadrilhas.

"Nossas melhores experiências são as operações de repressão qualificada, em que temos um forte viés na inteligência policial. Nos últimos seis anos, conseguimos reduzir os índices de homicídio na ordem de 60%, passando de 70 mortes por 100 mil habitantes, para 29, hoje", disse.

Conforme o presidente da OAB-CE, Valdetário Monteiro, as discussões travadas durante o evento farão parte de um relatório com reivindicações que será encaminhado ao Estado. Segundo ele, outra proposta é levar o tema para debate em audiência pública, de modo que a sociedade possa dar sugestões.

Na visão de Leandro Vasquez, representante da OAB-CE no Conselho Estadual de Segurança Pública, uma das medidas emergenciais para a contenção da violência é a equalização dessa média. "Não adianta investimento brutal sem segurança pública com a aquisição de novas viaturas se o número de policiais ainda é insuficiente", afirma. Segundo ele, também é preciso melhorias na formação de profissionais e na remuneração, de forma que não haja a migração de policias para outras áreas.