Não são. A complexidade crescente na esfera da produção, mesmo no setor agrícola, exige hoje de cada trabalhador uma familiaridade com a verificação de dados e com o método hipotético-dedutivo que só um bom ensino de ciências pode prover.
Um primeiro passo para pôr a educação científica no radar foi dado na semana passada. Como informou o jornal "O Globo", quase 85 mil alunos dos níveis fundamental e médio realizaram um exame de ciências como parte da Prova Brasil e da Avaliação Nacional da Educação Básica, além da tradicional avaliação nas áreas de matemática e leitura.
Claro está que o fato de aquilatar o nível de proficiência dos estudantes na matéria não terá o poder, sozinho, de induzir o progresso desejado. Sem conhecer o estado real das deficiências, contudo, tanto do ponto de vista de conteúdos quanto da incidência regional e local, será difícil traçar um diagnóstico preciso e um plano de ação eficaz.
Trata-se ainda de uma fase experimental, pois só 1,7% dos alunos foram incluídos nesse teste, que abrange 26 questões de ciências naturais e 26 de ciências humanas. Já se fala em generalizar o procedimento em 2014 ou 2015 --quanto antes, melhor.
Toda a dificuldade enfrentada para melhorar a educação pública no Brasil, nas duas últimas décadas, tornou evidente que avaliações são condição necessária para elevar seu nível, mas insuficiente. Sem medidas estruturais, como a requalificação dos professores e a valorização da carreira docente (aliando ganhos salariais, bônus e cobrança de desempenho), o país nunca dará o salto necessário.
É na formação de professores de ciências, de resto, que desponta a crise mais grave. Só de física e química a educação básica tem deficit de 100 mil docentes com formação específica (quase 90% dão aulas nessas disciplinas sem diploma na área).
A avaliação em ciências vai revelar com maior clareza as fraquezas dos estudantes brasileiros nessas matérias. O passo seguinte, e necessário, será eliminá-las.
Editorial, Folha de S.Paulo, 25/11/2013
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