1 de abril de 2014

Estudo aponta que adolescentes populares também sofrem bullying


  • Pesquisa em colégios americanos mostra que probabilidade de ser alvo de agressões aumenta à medida que o aluno se torna mais popular
  • Socióloga Diane Felmlee explica o resultado: ‘Se o adolescente derruba alguém que constitui uma ameaça para o seu status, o ganho é maior’
O GLOBO (EMAIL·FACEBOOK·TWITTER)
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Pesquisa mostra que estudantes populares também são vítimas de bullying Foto: Elisa Mendes / Agência O Globo
Pesquisa mostra que estudantes populares também são vítimas de bullying Elisa Mendes / Agência O Globo
RIO - O bullying afeta não apenas as crianças e adolescentes marginalizados, de acordo com sociólogos. Pesquisadores descobriram recentemente que estudantes relativamente populares também são alvo e podem até sofrer mais com as agressões.
“Vimos que alunos que são isolados realmente sofrem bullying. No entanto, para a maior parte dos estudantes, a probabilidade de ser alvo de atos agressivos aumenta à medida que o aluno se torna mais popular, com exceção dos que estão no topo”, diz a professora de sociologia Diane Felmlee, da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos.
Durante o estudo que analisou alunos e sua redes de amizades em 19 escolas do estado americano da Carolina do Norte, pesquisadores perceberam que o risco de um adolescente sofrer bullying cai dramaticamente apenas para os 5% que estão no topo da cadeia social de um colégio.

“Quando os jovens estão disputando status, eles provavelmente ganham pouco ao atacar os estudantes que já são marginalizados - na verdade, o tiro pode até sair pela culatra”, comenta Diane, que trabalhou em conjunto com Robert Faris, professor associado da Universidade da Califórnia, em Davis. “Mas, se o adolescente derruba alguém que está tentando se tornar um líder em seu grupo, ou que constitui uma ameaça para o seu status, então o ganho é muito maior”.
Bullying pode ser uma forma estratégica de agressão, de acordo com os pesquisadores, que relatam suas descobertas na edição atual da revista acadêmica “American Sociological Review”. Os jovens que estão tentando subir na pirâmide social correm risco mais alto de se tornarem vítimas.
Faris e Diane também descobriram que as meninas estão mais propensas a serem vítimas de ambos os agressores: masculinos e femininos. As garotas que namoram estão ainda em maior risco de sofrerem violência física.
“Meninas podem representar ameaças específicas à posição social de outros estudantes do sexo feminino e são potenciais rivais quando se trata de proteger um namorado”, observa a pesquisadora. “Para os meninos, as meninas que namoram representam alvos recompensadores, muitas vezes populares e relativamente fáceis, que geralmente não revidam fisicamente”.
Os alunos que têm um amigo agressivo tendem a evitar serem vitimizados. E essa pode ser mais uma prova de que o bullying raramente é um ato individual, mas geralmente associado com a forma como os amigos estabelecem e mantêm as hierarquias, sempre protegendo seus semelhantes.
O assédio moral provocado pelo bullying têm consequências graves ao longo do tempo, segundo Daine. As vítimas sofrem com níveis de ansiedade elevados, depressão e raiva. Eles tendem a desenvolver sentimentos negativos sobre suas escolas também.
Os efeitos do bullying podem ser ainda mais acentuados entre os estudantes relativamente populares, de acordo com os pesquisadores. Estudantes de status mais alto dentro dos colégios experimentaram crises mais intensas de depressão, ansiedade e raiva do que os estudantes de baixo status. As amizades desses alunos também se deterioram.
“Os efeitos das agressões são ampliados pelo status do aluno”, comenta Diane. “Pode ser que os adolescentes que são extremamente populares e raramente vitimizados sofram uma queda maior do que aqueles mais acostumados a serem um alvo. Por isso, apesar de jovens socialmente vulneráveis ​​sofrerem assédio frequentemente, as vítimas mais centrais de bullying, aquelas que ficam camufladas a olho nu, encaram consequencias muito sérias”.
Os pesquisadores examinaram dados do estudo Contexto do Uso de Substâncias por Adolescentes, que entrevistou cerca de 4.200 alunos do ensino fundamental e médio duas vezes durante o ano letivo. As pesquisas incluíram perguntas sobre assédios verbais e físicos graves, mas não sobre incidentes menores, como provocações. Os alunos foram convidados a fornecer informações sobre suas amizades, bem como informações sobre os alunos que eles acreditam ter perseguido ou que tenham agredido eles.


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