29 de março de 2010

Bullying: educadores e pais debatem livro


P or unanimidade, vereadores do Recife aprovaram na última semana o projeto de lei que obriga a instalação de placas informativas nas escolas da rede pública. Se a proposta for sancionada pelo prefeito João da Costa, as placas mostrarão mais do que meros avisos. Vão alertar sobre o bullying, comportamento complexo e destrutivo, cada dia mais presente nas salas de aula, pátios e corredores escolares. A discussão sobre esse fenômeno, que pode levar à morte de crianças e jovens, também vai ganhar visibilidade no próximo dia 8 de abril, com o debate de apresentação do livro Bullying na escola, do professor da Universidade de Pernambuco (UPE), Josevaldo Araújo de Melo, no auditório dos Diários Associados.
"Bullying é o ato de zombar em demasia de outros, de praticar chacota com os alunos, colegas de aula e até colegas de trabalho.

Muitas vítimas de bullying desenvolvem problemas emocionais como depressão, dificuldade de aprendizagem e diminuição da auto-estima". Esse será o texto das placas, caso a proposta, de autoria do vereador Estefano Menudo (PHS), seja sancionada. Em 2009, Pernambuco largou na frente de outros estados. O governador Eduardo Campos sancionou a lei 1.3995, que dispõe de medidas de conscientização, prevenção, diagnose e combate ao bullying escolar no projeto pedagógico das escolas públicas e privadas de educação básica de Pernambuco.

Para o professor da UPE Josevaldo Araújo de Melo, o uso de placas de alerta nas escolas é apenas uma das possibilidades de sensibilizar crianças, jovens e adultos sobre o bullying, no ambiente educacional.

"Isso pode fazer parte de uma estratégia ampla de prevenção. Assim como exibir filmes, fazer peça de teatro, incentivar concursos de redação, produzir murais com textos dos próprios alunos", comenta Melo, para quem a identificação e o combate ao fenômeno veem antes mesmo da prevenção.

"Se a violência já existe, já se instalou, seja física, moral ou psicológica, então a primeira atitude dos pais ou professores é parar com ela. Ao controlar essa situação, aí sim, deve-se partir para os mecanismos de prevenção", justifica.

Divulgação - Nos últimos meses, o Diario de Pernambuco noticiou cinco denúncias de bullying em escolas públicas e privadas da Região Metropolitana do Recife. Foram casos que tiveram visibilidade. Mas outros tantos permenecem invisíveis, porque são ameaçados, ignorados ou subestimados.

"Uma escola que admite um comportamento violento como esse por não reconhecer o potencial destrutivo, abre caminho para a discriminação de etnia, idade, origem, gênero e classe. Essa omissão e esse preconceito alimentam o bullying", entende Melo.

Um dos casos relatados no livro Bullying na escola é o de um menino de 11 anos que fugiu da escola, no Recife, e foi encontrado morto. Porque ele tinha sotaque diferente (havia saído da cidade de Natal, RN), era discriminado por colegas e sofria violência física.

"Outro caso recente na cidade foi o de um adolescente que ficou com epilepsia como sequela de bullying", destaca o professor.

No blog que mantém na internet, o psicoterapeuta Meraldo Zisman afirma que "o bullying aumenta a probabilidade de as crianças desenvolverem transtornos psiquiátricos, a exemplo da esquizofrenia e da depressão na adolescência, estendendo-se isso à vida adulta". Zisman continua a análise em outro trecho: "por sua vez, as crianças e adolescentes que são abusadoras(es), no presente, também estão propensos a desenvolver comportamentos antissociais no futuro. Portanto, qualquer tipo de violência na idade escolar, deve ser encarado como um sério problema, agora e sempre".

Bullying é um termo inglês. "Não existe palavra equivalente na língua portuguesa que o traduza. Mas podemos relacionar ao problema a colocação de apelidos, humilhações, ofensas, discriminações, assédios, empurrões, chutes, tapas, ferimentos e destruição de pertences", cita Zisman.

Diario de Pernambuco

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