14 de agosto de 2011

52% não veem a escola como local seguro


Levantamento do Paraná Pesquisas revela que paranaenses defendem medidas drásticas. Educadores pedem mais envolvimento dos pais

A violência não se restringe a periferias de grandes centros urbanos, estádios de futebol ou zonas de conflito. A sala de aula, espaço reservado ao aprendizado e formação de crianças, jovens e adultos, não é considerada um ambiente seguro por 52% dos paranaenses.
Os principais riscos, segundo os entrevistados pelo Paraná Pesquisas, são envolvimento com drogas, ataques, brigas e bullying. A sensação de insegurança não é exclusiva dos estabelecimentos públicos quase 60% dos ouvidos não veem diferenças em relação às escolas particulares.
A resposta para contornar o problema não é tão simples. Na opinião dos paranaenses ouvidos, a saída está na repressão: 80% dos entrevistos são a favor de uma medida extrema: a revista obrigatória na entrada das instituições de ensino.
O resultado do estudo e a solução recomendada pelos entrevistados deixaram em alerta educadores ouvidos pela Gazeta do Povo. Na opinião do presidente do Sindicato das Escolas Particulares do Paraná, Ademar Batista Pereira, é preciso separar a violência do problema disciplinar. O problema disciplinar bem resolvido nas escolas, dificilmente se tornará violência.
Para a professora Janeslei Albuquerque, secretária educacional do Sindicato dos Professores da rede estadual de ensino (APP-Sindicato), o sistema educacional está sendo confundido com o prisional e as escolas estão se tornando presídios. Não podemos simplesmente ignorar o problema e buscar soluções punitivas, que não resolvem. Expulsar um aluno resolve o problema? Instalar câmeras, colocar cerca elétrica? , diz.
De acordo com Janeslei, a sensação de insegurança da população é resultado da perda da imagem da escola como referência pedagógica, que começa na falta de políticas públicas voltadas para a educação. Faltam escolas, vagas, pedagogos, professores, infraestrutura, acessibilidade. O Estado não cumpre direito o papel, assim como os empresários. Não há compromisso com a formação do professor e do aluno , pontua.
Participar para transformar
A falta de participação dos pais na vida escolar dos filhos é apontada como o principal entrave para transformar a escola em um ambiente seguro. No levantamento do Paraná Pesquisas, 37% dos entrevistados acham que a responsabilidade de garantir a segurança é da escola, enquanto apenas 14% consideram que os pais têm algum encargo.
Segundo Elival do Couto Souza, coordenador da Assessoria de Mobilização de Pais, Professores e Amigos da Rede Escolar (Ampare), da Secretaria de Estado da Educação, os pais transferiram para a escola a responsabilidade de educar os filhos. Os pais passaram para a escola o papel que a eles pertence. A partir do momento que a família participa, seja por telefone, e-mail, indo até o colégio, todos os problemas vão embora , afirma.
Em Curitiba, desde 1998, a organização não governamental (ONG) Projeto Não Violência desenvolve ações de caráter educativo e preventivo em escolas da rede pública de ensino. Entre as atividades estão palestras com educadores e pais.
Para a coordenadora-técnica da ONG, Adriana Araújo Bini, é preciso diferenciar o papel da escola e da família. Mesmo que a família algumas vezes não cumpra bem o seu papel, a escola não pode deixar de fazer o seu , defende. Para Adriana, este é um jogo de eximir-se das responsabilidades e culpar o outro pelos problemas do dia a dia, o que deve ser evitado.

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