13 de agosto de 2011

Londres: controla a internet? Censura provoca críticas


13 de agosto de 2011
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LONDRES A ameaça do premiê David Cameron de controlar a internet como parte dos esforços de combate a atividades ilegais foi criticada e ridicularizada no Reino Unido. E o descontentamento veio mesmo dos setores da mídia mais leais ao premiê: em artigo publicado pelo Daily Telegraph, tradicional bastião do Partido Conservador, o do governo, o comentarista de assuntos de tecnologia Sebastian Payne acusou Cameron de ignorar tanto as dificuldades de implementar sistemas de controle quanto os benefícios que a mídia social tem mostrado após os distúrbios de Londres.
Cameron esqueceu-se de que, ao mesmo tempo em que a tecnologia pode ter sido usada para organizar saques, ela se provou crucial na resposta do público, que usou o Twitter para se mobilizar em mutirões de limpeza das ruas e mesmo arrecadar fundos para pessoas que perderam tudo com os distúrbios , explicou Payne.
O premiê foi lembrado que sua ideia de obrigar empresas de tecnologia a censurar conteúdo não só se inspira em ditaduras criticadas pelo governo como é impraticável em termos legais. Um exemplo é o serviço de mensagens instantâneas do BlackBerry, da Research in Motion, empresa baseada no Canadá e fora da jurisdição britânica.
Mike Conradi, advogado da firma DLA Pipe e especialista em assuntos legais envolvendo telecomunicações, afirmou que o controle de sites e ferramentas exigiria uma legislação prejudicial à liberdade de expressão: A proposta de dar poderes à polícia para filtrar mensagens como forma de promover crimes é errada em termos de segurança e direito de expressão. E certamente colocaria o Reino Unido numa posição difícil na hora de confrontar regimes autoritários .
Para Clive Baldwin, da Human Rights Watch, restrições de governos só podem ser feitas com motivação legítima e da maneira menos restritiva possível: Isso significa que proibições gerais de bloquear internet ou celulares, como foi feito no Egito este ano, seriam violações aos direitos humanos.
MUBARAK
Nada foi mais irônico, porém, que o artigo escrito para o Guardian pela escritora egípcia Mona Eltahawy. Ela lembrou o fato de que Cameron foi um dos primeiros líderes ocidentais a visitar o Egito após a queda do ditador de Hosni Mubarak, o homem que tentou sufocar a revolta do início do ano com desligamento da internet e da rede de telefonia celular. A impressão que tive foi a de que, enquanto espera julgamento no Cairo, Mubarak está servindo de consultor do governo britânico para assuntos de repressão , escreveu Eltahawy.

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