13 de agosto de 2011

Nouriel Roubini propõe salvar o capitalismo

13 de agosto de 2011
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Economista alerta para novas batalhas cambiais e mais revoltas populares
NOVA YORK. Em artigo divulgado ontem no site de sua consultoria, a RGE, o economista Nouriel Roubini afirma que a maior parte dos países ricos está à beira de uma nova recessão e admite que Karl Marx estava certo ao dizer que a globalização e a intermediação financeira fora de controle, somadas à transferência de riqueza do trabalho para o capital, poderiam levar à autodestruição do capitalismo. Assim, no artigo, sob o título "Crise financeira global 2.0: como salvar o capitalismo", ele apresenta caminhos para evitar essa destruição.
Roubini, que ficou conhecido como Dr. Apocalipse por ter antecipado a crise financeira global, afirma ainda que a guerra cambial vai prosseguir, já que "não é possível que todas as economias ricas tenham moedas fracas". Ele aponta o exemplo de Japão e Suíça, em plena luta contra a valorização de suas moedas.
Ele também vê um ponto em comum nos protestos e revoltas populares - da Primavera Árabe ao Reino Unido, passando por Israel -, que têm as mesmas causas: aumento da desigualdade, pobreza e desemprego, tanto entre trabalhadores como na classe média. Roubini ressalta que esses protestos podem se espalhar para outros países ricos e para os emergentes se houver uma nova recessão global.
Fracasso do 'laissez-faire' e do Estado de bem-estar
O economista afirma que, para garantir a sobrevivência do capitalismo, "precisamos nos afastar do laissez-faire e voltar para o equilíbrio correto entre mercados e provisão pública de bens públicos. O modelo anglo-saxônico de laissez-faire e vodu/economia de oferta, bem como o tradicional modelo da Europa continental de Estado do bem-estar deficitário estão esgotados e quebrados".
Roubini defende um terceiro caminho entre esses dois modelos. Isso seria feito pela criação de empregos, em parte via estímulo fiscal ou gastos do governo com infraestrutura; pela adoção de impostos progressivos, a fim de reduzir a desigualdade; pela austeridade fiscal de curto prazo, com metas disciplinares a longo prazo; afrouxamento monetário, com os bancos centrais garantindo liquidez; políticas de crescimento que invistam em educação, produtividade e novas tecnologias, bem como capital humano; além de sólidas regras e supervisão do sistema financeiro.
Roubini alerta que "a alternativa são mais recessão, estagnação, depressão, guerras cambiais e comerciais, controles de capital, crises financeiras, insolvência de governos e maciça instabilidade social e política".

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