3 de agosto de 2011

Universidades Federais não ganham mais alunos de classes C, D e E


03 de agosto de 2011
Educação no Brasil | O Globo | O País | BR




Mas aumenta a parcela de pretos e pardos nas universidades, e estudantes oriundos de escola pública já são 50,39%

Demétrio Weber demetrio@bsb.oglobo.com.br

BRASÍLIA. Apesar da adoção de políticas afirmativas e do aumento de vagas, a proporção de estudantes das classes C, D e E nas universidades federais ficou estagnada, nos últimos 15 anos. É o que revela levantamento divulgado ontem pela Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior). A pesquisa mostra, porém, que aumentou a parcela de alunos com origem na escola pública, assim como a de pretos e pardos.
O levantamento foi realizado ano passado e contou com a participação de 19.691 universitários (3% do total). A definição de classe econômica seguiu critérios da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (Abep). Em 1996, na primeira pesquisa do gênero, 44,3% dos alunos enquadravam-se nas classes C, D e E. Em 2010, o percentual caiu para 43,7%, variação que está dentro da margem de erro. A renda familiar média desses estudantes é de R$1.459 ou menos.
No ano passado, 50,39% dos estudantes das federais tinham feito o ensino médio única ou majoritariamente em estabelecimentos públicos, ante 45,04% em 1996. Já a proporção de pretos e pardos subiu de 34,2%, em 2003, para 40,8%. O relatório destaca que esse grupo continuava subrepresentado nas universidades federais, pois equivale a 50,7% do conjunto da população brasileira. No caso da escola pública, a desproporção é ainda maior, já que 88% dos alunos de ensino médio frequentam estabelecimentos públicos.
O novo presidente da Andifes, João Luiz Martins, diz que houve avanços na democratização do acesso ao ensino superior, mas reivindica mais investimentos do Ministério da Educação em assistência estudantil e considera baixíssimo o índice de 2,52% de graduandos que vivem em moradias oferecidas pelas universidades:
- Há uma dívida enorme. As universidades precisam ser mais agressivas nas políticas de inclusão, porque o atendimento é muito baixo em relação à realidade nacional - afirmou Martins, reitor da Universidade Federal de Ouro Preto.
A parcela de universitários oriundos da escola pública - 50,39%, em 2010 - considera quem frequentou estabelecimentos públicos em todo o ensino médio (44,81%) ou na maior parte dele (5,58%).
O relatório conclui que há uma concentração de estudantes das classes A e B, em detrimento das demais. No conjunto da população, por exemplo, a classe A corresponde a 4,5% do total, mas, nas universidades federais, fica com 15,25% das matrículas. Somadas, as classes A e B representam 32,9% dos habitantes, mas ocupam 56,32% das vagas.
O relatório considera, no entanto, que a pesquisa derruba o mito de que as federais só atenderiam os mais ricos. Um dos itens pesquisados revela que 56% dos entrevistados vão para a faculdade de transporte coletivo, ante 21,62% que usam veículo próprio.
O presidente da Andifes chama a atenção para outro dado: 67,16% dos estudantes vêm de famílias com renda média mensal entre R$415 a R$2.656.
Dos entrevistados, 12,4% contaram já ter trancado a matrícula e 6% admitiram ser usuários de drogas. O percentual dos que disseram ter domínio da língua inglesa foi de 38,31%.

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