02 de setembro de 2011
Valor Econômico | Opinião | BR
Allan E. GoodmanA presidente Dilma Rousseff tem tomado medidas corajosas para criar a força de trabalho qualificada que permitirá ao Brasil competir em uma economia global. O anúncio, em abril, de que pretende oferecer 75 mil bolsas de estudos no exterior a estudantes brasileiros até 2014, é a medida correta para preparar os jovens brasileiros.
O "Global Education Digest 2009", da Unesco, indica que menos de 0,5% dos estudantes brasileiros estudou fora do seu país. Segundo o relatório "Open Doors" sobre intercâmbio educacional internacional, produzido pelo Instituto de Educação Internacional com o apoio do Departamento de Estado dos EUA, a China liderou o ranking de países que enviaram estudantes universitários para os EUA em 2009/10. No mesmo período, o Brasil ocupou a 14ª posição.
Numa época em que a economia do Brasil cresce rapidamente, e Brasil e Estados Unidos fortalecem laços nas áreas de comércio, energia e desenvolvimento científico, vemos na educação superior outra área onde os dois países devem buscar uma cooperação bem mais intensa.
Visitei i Brasil recentemente para me reunir com líderes da educação superior e estou convencido de que eles estão prontos para fazer com que isso aconteça de uma forma que beneficie ambos os países.
Alguns países temem que o investimento em educação internacional leve à conhecida "fuga de cérebros."
Quando o presidente Obama visitou o Brasil, ele e a presidenta Dilma renovaram seu compromisso de promover uma parceria inovadora na educação para atender às necessidades de uma força de trabalho do século XXI. Ambos concordaram em intensificar o intercâmbio educacional, especialmente entre instituições de pesquisa e educação superior nas áreas de Ciência, Tecnologia, Meio Ambiente e Matemática, por acreditarem que a prosperidade de um país está intrinsecamente ligada à educação do seu povo que, por sua vez, é enriquecida pelo compartilhamento de experiências acadêmicas em outros países.
Em junho, a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, e o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, convocaram um Diálogo de Parceria Global Brasil-EUA, em Washington, e desenvolveram um Plano de Ação destinado a intensificar o intercâmbio de estudantes de graduação e pós-graduação nessas disciplinas e envolver a sociedade civil e o setor privado na capacitação de uma força de trabalho qualificada.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e a Comissão Fullbright lançaram o Programa diálogos estratégicos Brasil-EUA, com o objetivo de aprofundar a cooperação entre acadêmicos de centros de pesquisa de ambos os países em áreas mutuamente benéficas.
O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que se dedica a promover apesquisa científica e tecnológica, vem trabalhando para desenvolver capacidade de pesquisa no país. Além da história do CNPq estar diretamente ligada ao desenvolvimento científico e tecnológico do Brasil, a instituição também tem um papel importante a desempenhar por meio de seus acordos bilaterais e programas multinacionais de apoio a projetos nas áreas de pesquisa, desenvolvimento e inovação.
Esses mecanismos, aliados às contribuições do setor privado que o Programa Fullbright atrai, podem ser alavancados para alcançar um número maior de estudantes de pós-graduação.
Também gostaríamos que mais estudantes de graduação tivessem oportunidades de acesso à educação superior nos EUA. Faculdades e universidades americanas indicaram que gostariam de receber estudantes do Brasil e que podem acomodar esses estudantes com rapidez e eficiência nas áreas identificadas como prioritárias para o Brasil.
Alguns observadores das relações América Latina-EUA ressaltam que não têm visto uma forte tendência no fluxo de estudantes latino-americanos para os Estados Unidos, diferentemente do que ocorre com a Ásia. Alguns países latino-americanos temem que o investimento em educação internacional leve os estudantes a se estabelecer nos países anfitriões, fenômeno mundialmente conhecido como "fuga de cérebros."
No entanto, meus colegas no Instituto de Educação Internacional (IIE) recentemente produziram e publicaram uma série de pesquisas acadêmicas sobre um novo paradigma conhecido como "circulação de cérebros". Esse fluxo é formado por pessoas e ideias - os principais componentes de uma economia do conhecimento. Pesquisadores e trabalhadores altamente qualificados, cada vez mais se transferem para outros países várias vezes ao longo de uma carreira, gerando um ganho líquido de longo prazo para todas as partes envolvidas. Quanto mais facilitarmos essa movimentação, mais o mundo terá a ganhar com as conexões e redes internacionais criadas por esses profissionais.
No Instituto trabalhamos para dar aos estudantes americanos a oportunidade de estudar no exterior. Fornecemos recursos e catálogos para ajudá-los a encontrar programas que atendam às suas necessidades no Brasil e em qualquer outro lugar do mundo, bem como para identificar assistência financeira que viabilize essa oportunidade. Também ajudamos estudantes de todo o mundo a se comunicar com faculdades e universidades nos EUA. Espero que haja um aumento no número de brasileiros estudando inglês no país e nos Estados Unidos, uma vez que esse idioma é prerrequisito para aproveitar oportunidades acadêmicas. À luz das novas bolsas de estudo anunciadas, esperamos ver um número bem maior de jovens brasileiros tanto nos centros de aconselhamento do Departamento de Estado dos EUA como nas feiras de educação superior americanas que serão realizadas no Brasil, no próximo outono, onde os interessados poderão explorar a grande diversidade e qualidade de instituições de ensino superior em todos os Estados Unidos.
A presidente Dilma Rousseff definitivamente está no caminho certo com suas novas bolsas para estudos no exterior. Para que Brasil e EUA prosperem no século XXI, precisamos assegurar que "internacional" seja uma parte da educação de todo estudante.
Allan E. Goodman é presidente do Instituto de Educação Internacional, organização sem fins lucrativos fundada em 1919, com sede em Nova York e uma rede de mais de 20 escritórios e mais de mil faculdades e universidades membros em todo o mundo. www.iie.org
O "Global Education Digest 2009", da Unesco, indica que menos de 0,5% dos estudantes brasileiros estudou fora do seu país. Segundo o relatório "Open Doors" sobre intercâmbio educacional internacional, produzido pelo Instituto de Educação Internacional com o apoio do Departamento de Estado dos EUA, a China liderou o ranking de países que enviaram estudantes universitários para os EUA em 2009/10. No mesmo período, o Brasil ocupou a 14ª posição.
Numa época em que a economia do Brasil cresce rapidamente, e Brasil e Estados Unidos fortalecem laços nas áreas de comércio, energia e desenvolvimento científico, vemos na educação superior outra área onde os dois países devem buscar uma cooperação bem mais intensa.
Visitei i Brasil recentemente para me reunir com líderes da educação superior e estou convencido de que eles estão prontos para fazer com que isso aconteça de uma forma que beneficie ambos os países.
Alguns países temem que o investimento em educação internacional leve à conhecida "fuga de cérebros."
Quando o presidente Obama visitou o Brasil, ele e a presidenta Dilma renovaram seu compromisso de promover uma parceria inovadora na educação para atender às necessidades de uma força de trabalho do século XXI. Ambos concordaram em intensificar o intercâmbio educacional, especialmente entre instituições de pesquisa e educação superior nas áreas de Ciência, Tecnologia, Meio Ambiente e Matemática, por acreditarem que a prosperidade de um país está intrinsecamente ligada à educação do seu povo que, por sua vez, é enriquecida pelo compartilhamento de experiências acadêmicas em outros países.
Em junho, a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, e o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, convocaram um Diálogo de Parceria Global Brasil-EUA, em Washington, e desenvolveram um Plano de Ação destinado a intensificar o intercâmbio de estudantes de graduação e pós-graduação nessas disciplinas e envolver a sociedade civil e o setor privado na capacitação de uma força de trabalho qualificada.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e a Comissão Fullbright lançaram o Programa diálogos estratégicos Brasil-EUA, com o objetivo de aprofundar a cooperação entre acadêmicos de centros de pesquisa de ambos os países em áreas mutuamente benéficas.
O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que se dedica a promover apesquisa científica e tecnológica, vem trabalhando para desenvolver capacidade de pesquisa no país. Além da história do CNPq estar diretamente ligada ao desenvolvimento científico e tecnológico do Brasil, a instituição também tem um papel importante a desempenhar por meio de seus acordos bilaterais e programas multinacionais de apoio a projetos nas áreas de pesquisa, desenvolvimento e inovação.
Esses mecanismos, aliados às contribuições do setor privado que o Programa Fullbright atrai, podem ser alavancados para alcançar um número maior de estudantes de pós-graduação.
Também gostaríamos que mais estudantes de graduação tivessem oportunidades de acesso à educação superior nos EUA. Faculdades e universidades americanas indicaram que gostariam de receber estudantes do Brasil e que podem acomodar esses estudantes com rapidez e eficiência nas áreas identificadas como prioritárias para o Brasil.
Alguns observadores das relações América Latina-EUA ressaltam que não têm visto uma forte tendência no fluxo de estudantes latino-americanos para os Estados Unidos, diferentemente do que ocorre com a Ásia. Alguns países latino-americanos temem que o investimento em educação internacional leve os estudantes a se estabelecer nos países anfitriões, fenômeno mundialmente conhecido como "fuga de cérebros."
No entanto, meus colegas no Instituto de Educação Internacional (IIE) recentemente produziram e publicaram uma série de pesquisas acadêmicas sobre um novo paradigma conhecido como "circulação de cérebros". Esse fluxo é formado por pessoas e ideias - os principais componentes de uma economia do conhecimento. Pesquisadores e trabalhadores altamente qualificados, cada vez mais se transferem para outros países várias vezes ao longo de uma carreira, gerando um ganho líquido de longo prazo para todas as partes envolvidas. Quanto mais facilitarmos essa movimentação, mais o mundo terá a ganhar com as conexões e redes internacionais criadas por esses profissionais.
No Instituto trabalhamos para dar aos estudantes americanos a oportunidade de estudar no exterior. Fornecemos recursos e catálogos para ajudá-los a encontrar programas que atendam às suas necessidades no Brasil e em qualquer outro lugar do mundo, bem como para identificar assistência financeira que viabilize essa oportunidade. Também ajudamos estudantes de todo o mundo a se comunicar com faculdades e universidades nos EUA. Espero que haja um aumento no número de brasileiros estudando inglês no país e nos Estados Unidos, uma vez que esse idioma é prerrequisito para aproveitar oportunidades acadêmicas. À luz das novas bolsas de estudo anunciadas, esperamos ver um número bem maior de jovens brasileiros tanto nos centros de aconselhamento do Departamento de Estado dos EUA como nas feiras de educação superior americanas que serão realizadas no Brasil, no próximo outono, onde os interessados poderão explorar a grande diversidade e qualidade de instituições de ensino superior em todos os Estados Unidos.
A presidente Dilma Rousseff definitivamente está no caminho certo com suas novas bolsas para estudos no exterior. Para que Brasil e EUA prosperem no século XXI, precisamos assegurar que "internacional" seja uma parte da educação de todo estudante.
Allan E. Goodman é presidente do Instituto de Educação Internacional, organização sem fins lucrativos fundada em 1919, com sede em Nova York e uma rede de mais de 20 escritórios e mais de mil faculdades e universidades membros em todo o mundo. www.iie.org
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