30 de outubro de 2011 Educação no Brasil | Revista Época | Saúde | BR Ruy Ohtake: "Faltou ousadia"
O arquiteto Ruy Ohtake conta por que se arrependeu do projeto que fez para uma escola pública RUY OHTAKE Arquiteto paulistano, com mais de 40 anos de carreira. Autor dos projetos do Hotel Unique, em São Paulo, e de revitalização da favela de Heliópolis (Foto: Danilo Verpa/Folhapress) Em 1991, a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo me chamou para fazer o projeto de uma escola pública em Diadema. Na reunião com os técnicos da Fundação para o Desenvolvimento da Educação, o órgão da secretaria que cuida dos projetos das escolas, eles explicaram que o orçamento era muito limitado. Mesmo assim, fiquei empolgado. Esse é o tipo de trabalho que pode contribuir no espaço urbano. Mas aí cometi um equívoco que só percebi no momento da entrega do trabalho. Fiz um projeto defensivo. Faltou mais ousadia. Ele era correto, funcional, mas ali tinha a sombra da preocupação com o corte de custos. A escola pública é um dos componentes mais importantes de um bairro, porque ela tem o papel de unir a comunidade e de oferecer alternativas, não só da educação em si, mas de convivência e de atividades extras. Então, o projeto de uma escola deve extravasar sua função mais imediata. É papel do arquiteto mostrar a importância e a valorização dos espaços. Dentro de mim moram dois profissionais. O arquiteto que se preocupa com custos e outro arquiteto que respira estética e ousadia. Essa ousadia vem da intuição. Hoje percebo a importância disso. Sabe, demorei um tempo para acreditar e confiar plenamente na intuição. É uma lição da Tomie (a artista plástica Tomie Ohtake, mãe de Ruy). A forma como ela capta as coisas e conduz sua pintura é guiada pela intuição. Minha intuição me leva aos melhores lugares. Hoje, olhando para trás, posso dizer que me arrependi de tudo aquilo em que economizei ousadia. Há três anos, elaborei o projeto para uma escola técnica na comunidade de Heliópolis, da Fundação Paula Souza. Com essa escola, foi diferente. Ela tem um projeto ousado, bacana. Foi pensada para a inclusão da comunidade de Heliópolis. Desde quando tive as discussões iniciais com a Fundação, coloquei minha visão. Na hora de apresentar o projeto, já esperavam algo singular. E conseguimos encaixar no orçamento. Tem vãos livres e rampas espaçosas. O ar circula entre os andares. Lá está presente o sentido de liberdade, tão importante para um ambiente que deve ensinar e incentivar a criação. |
30 de outubro de 2011
Ruy Ohtake e a escola
Postado por
jorge werthein
às
08:51
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário