Correio Brasiliense, 27 de Outubro,2011
Os computadores em forma de prancheta vão substituir, de fato, o lápis e papel? Veja a opinião de especialistas e de quem lida com alunos no dia a dia em sala de aulaO governo brasileiro avalia a possibilidade de incluir novas tecnologiascomo ferramentas didáticas nas escolas públicas. Dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), em 2003, indicavam que 63 escolas públicas de ensino médio tinham computadores para uso dos alunos. Em 2009, esse número subiu para 25 mil. Enquanto a iniciativa não se concretiza em todo o território, algumas instituições particulares já começam a se preparar para lidar com a tecnologia de forma mais intensa e pensam na adoção e no uso de tablets a curto prazo. Professores e diretores educacionais divergem quanto aos benefícios do aparelho em sala de aula. Confira abaixo a opinião de alguns deles.
José Leão, diretor educacional
A aula baseada nos moldes de longa exposição oral do professor morreu. O futuro é a interatividade. O tablet chegará na escola sim, mas não como uma isca de matrícula, apenas para atrair novos alunos. Nova tecnologia significa novos equipamentos e também espaços e relações. O professor não é mais a principal forma de contato do aluno com a informação. A internet, o jornal, os especialistas fazem isso hoje. Então, qual é o papel do professor? Arquitetar um material que provoque a curiosidade do aluno. A pedagogia unilateral ainda persiste, mas o processo tecnológico tende a mudar isso. Hoje, os equipamentos distraem porque os alunos ainda não estão bem fundamentados com a cultura do acesso à informação. Uma turma piloto começará a usar os tablets em março de 2012. Serão seis meses de observação e comparação a uma turma convencional. Vamos avaliar os resultados. E em 2013, virá a decisão de adotar ou não o equipamento em todas as turmas do Ensino Médio.
Dulcinéia Marques, diretora
Estamos inseridos num contexto globalizado. E a educação não pode ficar alheia. Mas é preciso precaução. Os professores não foram educados para manusear esses equipamentos. Eles precisam ter o domínio do instrumento e saber como o aparelho pode ser usado de forma negativa, saber se os meninos estão usando redes sociais e se estão dispersos. O celular já é problema: eles colam, mandam mensagem, ficam no Facebook. Imagina se tiverem um tablet. E mais: as editoras ainda não conseguiram oferecer muitos materiais, como portais e livros digitais. No quesito maturidade, as universidades vão ter que preparar os professores para lidar com isso. No momento, não sou a favor desses computadores em sala de aula. Mas acho válido que invistamos em equipamentos, como a lousa interativa, porque os professores preparam o material que eles acham importante com controle sobre as informações. Mesmo assim, a possibilidade de incluir o tablet será pensada no próximo ano.
André Frattezi, coordenador de Física
A escola onde trabalho resolveu que, a partir do ano que vem, implantará os tablets para substituir do material didático. Além do fácil manuseio, a grande vantagem é o recurso multimídia. Os alunos comprarão os aparelhos e poderão escolher marca e modelo. Eu não consigo ver nada de ruim: tem a parte mecânica, de o aluno carregar menos peso, e tem todas as matérias e acesso às informações que nenhum livro traria. E é mais barato do que comprar desktop, monitor e instalações. O investimento que fazemos é no software que a gente já faz sempre. A novidade vem com alguns riscos e é complicada. O que vou fazer com o acesso às redes sociais em sala de aula? Eu não sei. Tudo é muito novo! Estamos pensando em estratégicas para enfrentar esse tipo de situação e os professores já estão sendo preparados. Vamos trabalhar com uma geração que sabe das potencialidades que tem. É nosso papel ensiná-los a usar essas ferramentas em benefício próprio.
Gilberto Lacerda, professor da UnB
As primeiras iniciativas de inserção da tecnologia na escola começam na década de 70 com a chegada dos primeiros computadores pessoais que proporcionavam novas técnicas educativas. A informática é como um prolongamento das capacidades humanas, ela cria um link com a sociedade. Não tem como a escola ficar desconectada. Os tablets constituem um fenômeno tecnológico extremamente recente. Não dá para dizer se realizará ou não um papel promissor dentro de sala de aula. É claro que há uma tendência mundial de seguir essa direção. Já há escolas em que todos os alunos estão usando os aparelhos. No Brasil, tendo em vista as características econômicas, é possível que aconteça um distanciamento entre crianças que podem ter acesso ao tablet e as que não podem. Os efeitos seriam de natureza social. Do ponto de vista da aprendizagem, eu não conheço nenhuma pesquisa realmente significante sobre o assunto. É preciso mais tempo para digerir essas tecnologias e aguardar o resultado.
José Leão, diretor educacional
A aula baseada nos moldes de longa exposição oral do professor morreu. O futuro é a interatividade. O tablet chegará na escola sim, mas não como uma isca de matrícula, apenas para atrair novos alunos. Nova tecnologia significa novos equipamentos e também espaços e relações. O professor não é mais a principal forma de contato do aluno com a informação. A internet, o jornal, os especialistas fazem isso hoje. Então, qual é o papel do professor? Arquitetar um material que provoque a curiosidade do aluno. A pedagogia unilateral ainda persiste, mas o processo tecnológico tende a mudar isso. Hoje, os equipamentos distraem porque os alunos ainda não estão bem fundamentados com a cultura do acesso à informação. Uma turma piloto começará a usar os tablets em março de 2012. Serão seis meses de observação e comparação a uma turma convencional. Vamos avaliar os resultados. E em 2013, virá a decisão de adotar ou não o equipamento em todas as turmas do Ensino Médio.
Dulcinéia Marques, diretora
Estamos inseridos num contexto globalizado. E a educação não pode ficar alheia. Mas é preciso precaução. Os professores não foram educados para manusear esses equipamentos. Eles precisam ter o domínio do instrumento e saber como o aparelho pode ser usado de forma negativa, saber se os meninos estão usando redes sociais e se estão dispersos. O celular já é problema: eles colam, mandam mensagem, ficam no Facebook. Imagina se tiverem um tablet. E mais: as editoras ainda não conseguiram oferecer muitos materiais, como portais e livros digitais. No quesito maturidade, as universidades vão ter que preparar os professores para lidar com isso. No momento, não sou a favor desses computadores em sala de aula. Mas acho válido que invistamos em equipamentos, como a lousa interativa, porque os professores preparam o material que eles acham importante com controle sobre as informações. Mesmo assim, a possibilidade de incluir o tablet será pensada no próximo ano.
André Frattezi, coordenador de Física
A escola onde trabalho resolveu que, a partir do ano que vem, implantará os tablets para substituir do material didático. Além do fácil manuseio, a grande vantagem é o recurso multimídia. Os alunos comprarão os aparelhos e poderão escolher marca e modelo. Eu não consigo ver nada de ruim: tem a parte mecânica, de o aluno carregar menos peso, e tem todas as matérias e acesso às informações que nenhum livro traria. E é mais barato do que comprar desktop, monitor e instalações. O investimento que fazemos é no software que a gente já faz sempre. A novidade vem com alguns riscos e é complicada. O que vou fazer com o acesso às redes sociais em sala de aula? Eu não sei. Tudo é muito novo! Estamos pensando em estratégicas para enfrentar esse tipo de situação e os professores já estão sendo preparados. Vamos trabalhar com uma geração que sabe das potencialidades que tem. É nosso papel ensiná-los a usar essas ferramentas em benefício próprio.
Gilberto Lacerda, professor da UnB
As primeiras iniciativas de inserção da tecnologia na escola começam na década de 70 com a chegada dos primeiros computadores pessoais que proporcionavam novas técnicas educativas. A informática é como um prolongamento das capacidades humanas, ela cria um link com a sociedade. Não tem como a escola ficar desconectada. Os tablets constituem um fenômeno tecnológico extremamente recente. Não dá para dizer se realizará ou não um papel promissor dentro de sala de aula. É claro que há uma tendência mundial de seguir essa direção. Já há escolas em que todos os alunos estão usando os aparelhos. No Brasil, tendo em vista as características econômicas, é possível que aconteça um distanciamento entre crianças que podem ter acesso ao tablet e as que não podem. Os efeitos seriam de natureza social. Do ponto de vista da aprendizagem, eu não conheço nenhuma pesquisa realmente significante sobre o assunto. É preciso mais tempo para digerir essas tecnologias e aguardar o resultado.
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