16 de janeiro de 2012

Fórum na Grécia debate os desafios das universidades


from CONTEÚDO LIVRE 


Instituições de países ricos enfrentam problemas com fraudes e plágios; emergentes tentam subir em rankings 
Nações atingidas em cheio pela crise econômica têm de lidar com corte no orçamento para pesquisa 

Sabine Righetti/Folhapress
Corredor da Universidade de Aegean, em Rodes, na Grécia
Corredor da Universidade de Aegean, em Rodes, na Grécia
SABINE RIGHETTI
enviada especial a rodes
Quem caminha por entre as salas com paredes pichadas e tinta descascando da Universidade de Aegean, em Rodes (Grécia), não consegue pensar em muita coisa além de falta de infraestrutura.
Mas foram essas salas que serviram de palco para o 5º Fórum Internacional de Universidades, um dos principais encontros mundiais na área, na semana passada.
O evento debate os principais temas do ensino superior da atualidade, que vão de ética científica a indicadores de produção acadêmica.
Neste ano, o fato de a conferência acontecer justamente na Grécia, país que está afundando em uma crise econômica, trouxe um tempero amargo à discussão.
Quase não havia especialistas gregos entre os cerca de 70 participantes de todo o mundo. "Não temos recursos. Os professores e o pessoal de apoio estão sendo mandados embora. Ninguém está seguro", disse Chryssi Vitsilaki, da Universidade Aegean.
De acordo com Vitsilaki, o país já cortou cerca de 40% do orçamento de ciência e do ensino superior desde o começo da crise grega, que entra no seu quinto aniversário. A maior parte dos cortes acontece nos salários.
Por causa disso, o sistema de ensino superior grego -tão elogiado pela alta participação de estudantes estrangeiros (cerca de 20% no total de matriculados) e por incluir quase a totalidade da população de 18 a 24 anos- beira um verdadeiro colapso.
Diante de relatos nos jornais locais de crianças desmaiando de fome nas escolas e do aumento da taxa de alcoolismo, o debate sobre "a universidade do século 21" pareceu supérfluo.
"Mas as universidades não podem ser um oásis. Precisamos reorganizá-las de maneira que estejam conectadas aos problemas locais", disse Antonio Nóvoa, presidente da Universidade de Lisboa.
As palavras do português deram um certo sentido ao debate conduzido no cenário da crise grega. Mas a desigualdade nas preocupações de cada país sobre ensino superior foi evidente.
ÉTICA E VISIBILIDADE
Os participantes dos EUA mergulharam nas discussões sobre ética na pesquisa científica -tema que ganhou força no Brasil em 2011, quando casos de fraude pipocaram em grandes universidades.
O que se discute é se a ética científica deve ser ensinada. Para Michael Friedman, da Universidade de Michigan, a ética deve ser uma disciplina obrigatória.
Já os representantes da China e da Índia se mostraram mais preocupados com os indicadores de produção das universidades, que servem para classificá-las em rankings internacionais.
Os indianos ainda não têm instituições na principal listagem universitária, a britânica Times Higher Education.
"Não estamos entre os melhores porque nossas universidades são ruins", conformou-se M. Rawat, da Universidade de Delhi.
Mas a China já tem instituições entre as 50 melhores do mundo e quer subir mais (do Brasil, só a USP aparece entre as 200 principais).
A estratégia chinesa é aumentar o número de pesquisas feitas em parceria internacional, o que dá mais visibilidade aos trabalhos e rende pontos nas classificações.

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