15 de janeiro de 2012

Produtividade vergonhosa :Educação no Brasil


15 de janeiro de 2012
Educação no Brasil | Correio Braziliense | Economia | BR



» GABRIEL CAPRIOLI

Para turbinar a formação dos brasileiros, o governo está apostando tudo no Plano Nacional de Educação, editado em 2011, que prevê uma série de metas para todos os níveis de ensino, entre elas, elevar a 33%, até 2020, o número de jovens entre 18 e 24 anos nas faculdades. Entre a população bruta, o objetivo é chegar a, pelo menos, 50% de universitários. A perspectiva é modesta, se comparada às necessidades do país.
Embora tenha assumido papel de destaque entre as economias emergentes, o Brasil ainda tem um sistema educacional que despeja no mercado 62% de alunos incapazes de lerem textos longos e 90% sem conhecimentos mínimos de matemática. Não se pode esquecer, também, o atraso histórico. Em alguns países da América espanhola, as universidades foram criadas no século 17. No Brasil, elas surgiram quase 200 anos depois.
O resultado prático e trágico desse deficit é a baixa produtividade do trabalhador brasileiro, o que coloca o país em segundo plano entre os protagonistas da economia mundial. Estudo da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, mostra que a produtividade atual do profissional no Brasil corresponde à dos japoneses em 1964, equivale a um quinto do rendimento dos norte-americanos no chão da fábrica e a um terço do retorno dado pelos coreanos. Para alguns setores, como a construção civil, a única forma de compensar a baixa escolaridade é capacitar diretamente os empregados.
Assim, como as deficiências na formação, o rendimento ruim dos estudantes e dos profissionais é uma herança histórica. "De um modo geral, a competitividade do trabalhador brasileiro sempre foi baixa e o quadro não mudou nas últimas décadas porque é uma corrida, na qual outros países se saíram melhor", diz José Pastore, professor de relações do trabalho da Universidade de São Paulo (USP). Na opinião do especialista, mesmo que esteja melhorando, o país está na lanterna dos emergentes. E longe de agir, por exemplo, como a China, que tem hoje mais de 150 mil estudantes nas melhores universidades dos Estados Unidos.
O gigante asiático elegeu os investimentos em educação como prioridade para o desenvolvimento econômico e tomou, em 2009, o lugar de países ricos em um teste realizado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE, grupo que reúne as economias desenvolvidas). A prova mede a competência em matemática ciências e leitura de seus associados e o Brasil, na mesma edição, conseguiu apenas a 53ª colocação.

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