Fazer um curso profissionalizante antes ou depois das aulas, estudar em uma escola que proporcione estágio em empresas, sentar em cadeiras mais confortáveis e que os professores expliquem melhor as matérias. Essas são algumas das principais expectativas dos alunos de ensino médio da rede estadual, segundo uma pesquisa feita com quatro mil estudantes, pelo Instituto Mapear, para a Secretaria estadual de Educação.
O estudo mostrou ainda que, apesar das conhecidas mazelas do ensino público, os estudantes estão sonhando mais alto. Perguntados sobre o futuro, 66% têm a intenção de cursar uma faculdade, contra 58% da pesquisa de 2008. E a quase totalidade deles (95%) pretende completar o ensino médio. Já 46% dos matriculados planejam fazer um curso técnico ou profissionalizante. Em 2008, eram 34%.
Para Nilma Fontanive, coordenadora do Centro de Avaliação da Fundação Cesgranrio, os alunos estão na direção certa:
— Os estudantes estão apontando o caminho para o fim do ensino enciclopédico. Um curso técnico seria muito mais útil e de grande valia na hora de entrar no mercado de trabalho.
Mesmo com os planos de continuar estudando, 55% gostariam de começar a trabalhar após a conclusão do ensino médio. Dahin Germano, de 16 anos, que estuda no Colégio Estadual Compositor Luiz Carlos da Vila, em Manguinhos, é um dos que gostariam de entrar na faculdade. Mas ele também quer sair da escola com uma carreira:
— Seria bom ter aulas profissionalizantes, pois já sairíamos com uma profissão. A escola até oferece cursos e atividades fora do horário de aula, mas não faço por falta de interesse mesmo — admite Dahin, que aponta os pontos positivos e negativos que vê na escola. — Todas as salas têm ar-condicionado, mas as cadeiras precisam melhorar. São desconfortáveis demais. A didática dos professores também precisa mudar. Sei que o conteúdo das aulas tem que ser cumprido, mas eles correm e explicam tudo muito rápido.
Rio tem índice ruim no MEC
Do total dos entrevistados, 67% consideram o ensino público estadual de qualidade. Para 13%, ele é excelente; enquanto para 54% é bom e para apenas 4%, ruim. A boa avaliação feita pelos alunos, no entanto, contrasta com dados divulgados pelo Ministério da Educação (MEC). Em outubro de 2009, o Estado do Rio teve o segundo pior Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) no país: 2,8, ficando atrás apenas do Piauí. A média nacional foi 3,6. Meses depois, o governador Sérgio Cabral passou para o secretário estadual de Educação, Wilson Risolia, a tarefa de colocar o estado entre os cinco primeiros em 2014. Desde então, não foram divulgados novos dados do Ideb, que é o resultado da junção dos índices de aprovação com as notas dos alunos em testes de Português e Matemática.
Para Celso Niskier, educador e presidente do Conselho Empresarial de Educação da Associação Comercial do Rio, os alunos não sabem avaliar o ensino que recebem:
— A falta de capacidade crítica faz com que o aluno não perceba se está recebendo realmente a educação que merece. Eles só vão perceber isso quando tentarem entrar no mercado de trabalho — observa Niskier, acrescentando que a escola é vista pelos jovens como um mal necessário. — É preciso fazer algo urgente para despertar o interesse pela educação. As aulas devem ser mais prazerosas e atrativas. Para isso, o professor é fundamental. Um mau professor pode provocar o desinteresse. Atualmente, vejo um profissional que finge que ensina e um aluno que finge que aprende.
Mariana Andrade, de 18 anos, sabe bem o que é isso. Ela não esconde que já matou algumas aulas porque o professor não tinha uma boa didática.
— As aulas tinham que ser mais realistas. Eu não sei para que aprender um monte de fórmulas de operações matemáticas. Queria saber como usar isso no dia a dia. Alguns professores só leem um texto e passam o exercício sem explicar nada. Isso faz com que a gente perca o interesse pela escola — diz ela, que também estuda no colégio Compositor Luiz Carlos da Vila.
Ainda de acordo com a pesquisa, 85% dos alunos estariam dispostos a cursar o ensino médio integrado (com curso de capacitação profissional). Atualmente, o Rio possui apenas oito escolas com cursos profissionalizantes. Segundo a Secretaria estadual de Educação, a meta é ampliar a oferta e ter cinco mil alunos cursando este segmento.
A pesquisa revela que dois cursos atraem mais de 20% dos alunos de todas as regiões: o de Montagem e Manutenção de Computadores e o de Administração. Um pouco abaixo da preferência, mas ainda com índices superiores a 20% na capital e na periferia, destacam-se os cursos de Técnico em Enfermagem e de Turismo e Hotelaria.
Também aluna do colégio Compositor Luiz Carlos da Vila, Camila Emília, de 17 anos, ainda não sabe qual carreira seguir. Como tem aptidão em informática, acha que um curso técnico nessa área iria despertar seu interesse pelas aulas:
— Sei que vai ser difícil entrar em uma universidade pública. Terminando o ensino médio com uma profissão já é meio caminho para fazer uma particular — conta a aluna, que destaca um ponto negativo na escola. — O almoço é ao meio-dia. Como entro às 13h, até as 17h40m não como mais nada. As aulas já são chatas e com a barriga vazia fica pior ainda — reclama.
O levantamento mostrou ainda que o nível de escolaridade dos pais dos alunos da rede aumentou: 10% dos pais têm ensino superior, contra 6% em 2008. Também aumentou o índice dos que completaram o ensino médio: 38% das mães e 35% dos pais.
Para Nilma Fontanive, coordenadora do Centro de Avaliação da Fundação Cesgranrio, os alunos estão na direção certa:
— Os estudantes estão apontando o caminho para o fim do ensino enciclopédico. Um curso técnico seria muito mais útil e de grande valia na hora de entrar no mercado de trabalho.
Mesmo com os planos de continuar estudando, 55% gostariam de começar a trabalhar após a conclusão do ensino médio. Dahin Germano, de 16 anos, que estuda no Colégio Estadual Compositor Luiz Carlos da Vila, em Manguinhos, é um dos que gostariam de entrar na faculdade. Mas ele também quer sair da escola com uma carreira:
— Seria bom ter aulas profissionalizantes, pois já sairíamos com uma profissão. A escola até oferece cursos e atividades fora do horário de aula, mas não faço por falta de interesse mesmo — admite Dahin, que aponta os pontos positivos e negativos que vê na escola. — Todas as salas têm ar-condicionado, mas as cadeiras precisam melhorar. São desconfortáveis demais. A didática dos professores também precisa mudar. Sei que o conteúdo das aulas tem que ser cumprido, mas eles correm e explicam tudo muito rápido.
Rio tem índice ruim no MEC
Do total dos entrevistados, 67% consideram o ensino público estadual de qualidade. Para 13%, ele é excelente; enquanto para 54% é bom e para apenas 4%, ruim. A boa avaliação feita pelos alunos, no entanto, contrasta com dados divulgados pelo Ministério da Educação (MEC). Em outubro de 2009, o Estado do Rio teve o segundo pior Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) no país: 2,8, ficando atrás apenas do Piauí. A média nacional foi 3,6. Meses depois, o governador Sérgio Cabral passou para o secretário estadual de Educação, Wilson Risolia, a tarefa de colocar o estado entre os cinco primeiros em 2014. Desde então, não foram divulgados novos dados do Ideb, que é o resultado da junção dos índices de aprovação com as notas dos alunos em testes de Português e Matemática.
Para Celso Niskier, educador e presidente do Conselho Empresarial de Educação da Associação Comercial do Rio, os alunos não sabem avaliar o ensino que recebem:
— A falta de capacidade crítica faz com que o aluno não perceba se está recebendo realmente a educação que merece. Eles só vão perceber isso quando tentarem entrar no mercado de trabalho — observa Niskier, acrescentando que a escola é vista pelos jovens como um mal necessário. — É preciso fazer algo urgente para despertar o interesse pela educação. As aulas devem ser mais prazerosas e atrativas. Para isso, o professor é fundamental. Um mau professor pode provocar o desinteresse. Atualmente, vejo um profissional que finge que ensina e um aluno que finge que aprende.
Mariana Andrade, de 18 anos, sabe bem o que é isso. Ela não esconde que já matou algumas aulas porque o professor não tinha uma boa didática.
— As aulas tinham que ser mais realistas. Eu não sei para que aprender um monte de fórmulas de operações matemáticas. Queria saber como usar isso no dia a dia. Alguns professores só leem um texto e passam o exercício sem explicar nada. Isso faz com que a gente perca o interesse pela escola — diz ela, que também estuda no colégio Compositor Luiz Carlos da Vila.
Ainda de acordo com a pesquisa, 85% dos alunos estariam dispostos a cursar o ensino médio integrado (com curso de capacitação profissional). Atualmente, o Rio possui apenas oito escolas com cursos profissionalizantes. Segundo a Secretaria estadual de Educação, a meta é ampliar a oferta e ter cinco mil alunos cursando este segmento.
A pesquisa revela que dois cursos atraem mais de 20% dos alunos de todas as regiões: o de Montagem e Manutenção de Computadores e o de Administração. Um pouco abaixo da preferência, mas ainda com índices superiores a 20% na capital e na periferia, destacam-se os cursos de Técnico em Enfermagem e de Turismo e Hotelaria.
Também aluna do colégio Compositor Luiz Carlos da Vila, Camila Emília, de 17 anos, ainda não sabe qual carreira seguir. Como tem aptidão em informática, acha que um curso técnico nessa área iria despertar seu interesse pelas aulas:
— Sei que vai ser difícil entrar em uma universidade pública. Terminando o ensino médio com uma profissão já é meio caminho para fazer uma particular — conta a aluna, que destaca um ponto negativo na escola. — O almoço é ao meio-dia. Como entro às 13h, até as 17h40m não como mais nada. As aulas já são chatas e com a barriga vazia fica pior ainda — reclama.
O levantamento mostrou ainda que o nível de escolaridade dos pais dos alunos da rede aumentou: 10% dos pais têm ensino superior, contra 6% em 2008. Também aumentou o índice dos que completaram o ensino médio: 38% das mães e 35% dos pais.
Isso mesmo Cabral. Temos que ter todos com muita boa educação neste País, ao menos, neste estado.
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