9 de fevereiro de 2012

The Music Project: música em carpetes



The Music Project: Lucas Werthein Transforma Música Em Carpetes

O processo de desenvolvimento de um projeto de arte, quando envolve alta dosagem de tecnologia, pode ser tão fascinante quanto o resultado final. As implicações técnicas, o estudo e as soluções encontradas para criar a obra é parte integrante dela. Em certos casos, o processo é a obra. O artista carioca que vive em Nova York, Lucas Werthein , dividiu com a gente essas e outras reflexões em uma conversa sobre seu mais recente projeto, The Music Project – um perfeito exemplo do valor do processo criativo.
Lucas e seu parceiro português Rui Pereira desenvolveram um software que traduz e gera imagens a partir de músicas. A ideia surgiu quando eles conheceram o designer Todd Bracher, “ele estava fascinado com uma maneira de criar carpetes de forma mais artística”. Traduzir sons em imagens, que então serviriam como base para desenhar as estampas dos carpetes, foi a solução perfeita. “Foi um processo super complexo”, conta Lucas, “a gente pegou as coordenadas das ondas musicais de quatro estilos diferentes: jazz, eletrônico, ambient e clássico. Criamos um ‘corpo’ por trás de cada um, mas as images foram geradas de maneira livre, de acordo com música”. Cada gênero musical ganhou uma programação diferente, dando ênfase às batidas ou ao tom, por exemplo. “Na música eletrônica você procura um tom bem diferente do que busca na música ambient ou clássica. É uma questão de como trazer esses dados com parâmetros otimizados”.
Feitas a “traduções”, as imagens que resultaram foram essas:
“Mas no carpete não tem como repoduzir essa riqueza visual, com a quantidade de pixels que tem no computador”, explica Lucas. Então os desenhos que foram adaptados para os carpetes são bem mais simples. A questão é: dá para sentir quando se está num ambiente cujo piso é revestido com um carpete jazz ou clássico? “Quando você entra numa sala com esse carpete, que tem esse processo criativo por trás, acho que o mais rico é entender como ocorreu esse processo. Se você não sabe, pode não fazer diferença, mas sabendo você com certeza vai conseguir identificar – o eletrônico é um pouco esquizofrênico, o ambient é certinho, um figura geométrica. O código não mente”. Curioso? Os carpetes ficaram assim:
ambient
jazz
clássico
eletrônica
Sobre inspirações para futuros projetos, Lucas diz que surgiram muitas a partir do The Music Project. “A gente está numa revolução enorme, aprendendo a lidar com novos códigos, com tanta tecnologia. Muitas vezes o processo pode ser mais encantador que o resultado final . Nossa missão é pensar em como você pega algo que já é banalizado no dia a dia e encontrar outra forma de explorar e enxergar”.
Lucas acaba de voltar de Londres, onde apresentou sua instalação Samba Surdo (já falamos dela aqui) durante o evento FRIDAY LATE: Hot Brazil, no Victoria Albert Museum. “Foi maravilhoso. As pessoas faziam fila de 45 minutos para entrar na instalação. Muitos brasileiros para matar a saudade, resgatar aquele sentimento de casa. E os ingleses curiosos para conhecer as batidas, o samba, a sonoridade”. Veja abaixo um registro da instalação:
Curiosidade: Lucas é quem toca o escritório dos nossos criadores do SuperUber em Nova York.
Os carpetes com base nos quatro padrões musicais (além de Silêncio, incluído na coleção depois) estão à venda na Shaw Contract Group.

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