5 de fevereiro de 2012

Violencia em Curitiba


05 de fevereiro de 2012
Revista Veja | Crime | BR
 Mas logo em Curitiba?



A cidade que era um modelo de urbanização foi espremida por uma periferia abandonada à própria sorte e se tornou uma das mais violentas do Brasil
ALEXANDRE SALVADOR. DE CUlUTIBA
A mais dramática ascensão dos índices de criminalidade nas capitais brasileiras na última década ocorreu justamente naquela que sempre foi considerada um modelo de organização e qualidade de vida: Curitiba.
A pesquisa Mapa da Violência 2012, divulgada há dois meses pelo Instituto Sangari, que realiza esse levantamento desde 1998, mostrou que, em dez anos, Curitiba saltou da vigésima para a sexta posição no ranking das capitais com maiores índices de homicídios. Em 2000, a sexta posição era ocupada pelo Rio de Janeiro, então uma cidade conflagrada pelo crime. Graças a ações eficazes de combate à violência, na nova pesquisa o Rio desceu para o 23° lugar. Curitiba subiu tanto no ranking porque dobrou sua taxa de homicídios. Hoje, são 55 para 100000 habitantes - a média nacional é de 26 homicídios por 100000 habitantes.
Os dados que compõem o Mapa da Violência, o indicador mais confiável do crime no Brasil, são obtidos no Subsistema de Informação sobre Mortalidade do Ministério da Saúde. Embora as estatísticas da Secretaria da Segurança Pública do Paraná apresentem cifras um pouco menos alarmantes, o governo paranaense já admite que o crescimento da criminalidade no estado, principalmente na região metropolitana de Curitiba, é vertiginoso. A população também já - percebe o agravamento da questão da segurança. Em pesquisa recente, 70% dos entrevistados afirmaram se sentir mais ameaçados pelo crime do que há cinco anos. O seguro de um automóvel no Batel, bairro de alto padrão de Curitiba, é mais caro do que em bairros equivalentes de capitais como Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte. Um dos principais fatores que determinam o preço do seguro de um automóvel é o volume de roubos e furtos de veículos.
Parte da explicação para a escalada da violência na capital paranaense está no crescimento rápido e desordenado dos municípios ao seu redor. A população das 25 cidades que compõem a região metropolitana de Curitiba cresceu 22% na última década, enquanto a do município de Curitiba aumentou 11%. A criação da Cidade Industrial, que concentra fábricas, e a instalação de indústrias como a Renault em São José dos Pinhais atraíram grandes contingentes de migrantes do interior do Paraná. Esse crescimento não foi acompanhado de políticas públicas de saúde, educação e segurança, criando bolsões de pobreza, onde viceja a criminalidade. "Baixa escolaridade e condições de saúde ruins produzem um trabalhador insatisfeito com suas condições de vida, que começa a considerar como alternativas passar para o tráfico de drogas e outros tipos de crime", diz a advogada Priscilla Placha Sá, especialista em direito penal e representante da OAB no Conselho de Segurança Pública do Estado do Paraná.
Os delinquentes da periferia, naturalmente, se veem atraídos a agir também no município de Curitiba, onde circula o dinheiro. Um levantamento divulgado no mês passado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com o título Vulnerabilidade das Famílias entre 2003 e 2009, analisou a situação de nove capitais brasileiras, levando em consideração critérios como acesso ao trabalho, condições de moradia e desenvolvimento infantojuvenil. Curitiba foi a cidade
que apresentou a maior disparidade entre a realidade da capital e a da sua região metropolitana. Não surpreende, portanto, o fato de que, dos vinte municípios mais violentos do Paraná, dez estejam localizados no entorno da capital. Mais da metade dos crimes cometidos no Paraná acontece em Curitiba e na região metropolitana, embora a região abrigue apenas um terço da população do estado.
A segunda explicação para o aumento da criminalidade em Curitiba é o fracasso da política de segurança pública levada a cabo na última década, principalmente entre 2003 e 2010, período em que o governo do estado foi ocupado pelo atual senador Roberto Requião, do PMDB. "Sua administração foi de uma incompetência brutal em termos administrativos e gerenciais no tema da segurança pública", diz o sociólogo Pedro Bodê, coordenador do Centro de Estudos em Segurança Pública e Direitos Humanos da Universidade Federal do Paraná. O ex-governador Jaime Lerner, três vezes prefeito de Curitiba e responsável por muitas das obras que tornaram a cidade uma referência em urbanismo, tem opinião semelhante: "Houve uma omissão do poder estadual, refletida na falta de investimento na área de segurança e em um governo autoritário e arrogante".
De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o Paraná foi o estado que na última década investiu a menor parcelá do seu PIB em segurança - apenas 1%. "O quadro da segurança pública no estado está desmantelado. O efetivo das polícias Civil e Militar é o mesmo de dez anos atrás", diz o atual secretário da Segurança Pública do Paraná, Reinaldo de Almeida Cesar. Situação mais dramática vive o Instituto Médico-Legal de Curitiba. O órgão, que atende a todos os municípios da região metropolitana, funciona num imóvel apertado, vive superlotado de corpos à espera de perícia, tem equipamentos sucateados e déficit de funcionários. O atual governo criou um novo programa de segurança pública, o Paraná Seguro, apresentado em agosto do ano passado. Nele, estão previstas metas de redução da taxa de homicídios - para abaixo da média nacional até 2014 - e melhorias tanto na infraestrutura quanto na recomposição do efetivo policial. Há esperança de que Curitiba volte a ser uma cidade-modelo.
Você está sob meu controle
Instituto de Criminalística do Paraná dispõe de uma nova ferramenta contra o crime: o Laboratório de Hipnose Forense. Reaberto em dezembro, o setor é o trabalho de um homem só, o psiquiatra Rui Sampaio. Perito criminal há três décadas, Sampaio comandou uma tentativa anterior de pôr a hipnose a serviço da polícia. Entre 1998 e 2008, ele estima ter contribuído em 700 inquéritos. O serviço acabou fechado por falta de mão de obra qualificada. "Os peritos mais jovens já aceitam a hipnose, o que permite formar uma nova geração de especialistas", diz o psiquiatra. O objetivo do laboratório não é obter confissões ou provas, mas levantar indícios para uso dos investigadores.0 hipnotizador procura recuperar lembranças latentes na mente de testemunhas e vítimas de crimes, como os numeros da placa de um carro ou os traços de uma fisionomia. Uma informação obtida dessa forma só servirá de prova se a perícia puder comprová-la concretamente.
O mecanismo da hipnose ainda não foi inteiramente esclarecido, mas o transe tem dado resultado em certos procedimentos médicos, como anestesia. Já sua utilidade forense é controversa."0 hipnotizado pode ser induzido a dar respostas possíveis, mas inverídicas", disse a VEJA David Spiegel, psiquiatra da Universidade Stanford, nos Estados Unidos. Segundo ele, isso decorre da tendência natural da mente de inventar informações para preencher lacunas de memória. Por essa razão, o depoimento de uma testemunha que tenha sido hipnotizada não é aceito nos tribunais de muitos estados americanos.
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A MULTIPLICAÇÃO DOS ASSASSINATOS
Nos últimos dez anos, Curitiba saltou da vigésima posição para a sexta entre as capitais 1 brasileiras com maiores taxas de homicídios. Nesse período, o Rio de Janeiro caiu da sexta para a 23° posição e São Paulo foi da quarta para a 27°
Fontes: Mapa da Violência
2012 e IML/PR

Um comentário:

  1. Senhores, lendo a interessante matéria sobre Hipnose forense publicada na Veja 2255 de 8 fev 2012, sinto a necessidade de propor um esclarecimento ao publico sobre hipnose que muito foi mistificada e distorcida por falhas na informação e por profissionais inescrupulosos que querem se aproveitar da boa fé do publico.

    Hipnose nunca foi controle, mas sim, comunicação: Comunicação entre a parte Inconsciente, analógica, irracional da mente do ouvinte, com a parte Consciente, logica, racional da mente do medico. Ninguém pode ser hipnotizado se não quiser. Hipnose é muito mais Autohipnose, no sentido que é o paciente se deixa hipnotizar pelo hipnologo.
    No estado hipnótico o paciente, vive “Um estado alterado de consciência” , se mantem consciente e presente, e consegue manifestar a sua essência, a sua verdade, por estar livre das censuras e bloqueios que o prendem.
    O hipnotizado não pode ser induzido a dar respostas inverídicas, pois elas quando superam o limite de tolerância e a censura do próprio, são bloqueadas: esse é o trunfo da hipnose sobre outras abordagens mentais.

    Dr. Leonard F. Verea, Medico psiquiatra e psicossomata da Faculdade de medicina e cirurgia de Milão e já Presidente da Sociedade Brasileira de Hipnose Clinica e Dinamica. Diretor do Instituto Verea de Medicina Psicossomatica e Hipnose Dinâmica.

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