29 de junho de 2012

Cinco autores falam sobre a Lei da Palmada; ouça


29/06/2012 - 17h30

FABIO ANDRIGHETTO

da Livraria da Folha

Aprovada em comissão da Câmara em 2011, a Lei da Palmada voltou a ser debatida nesta semana quando uma professora de Sumaré (SP) mandou um bilhete aos pais de um aluno orientando-os a educá-lo por meio de cintadas e varadas.
O questionamento da lei parte essencialmente do principio político --pela intervenção do Estado em questões privadas-- e das experiências particulares. Entre os nascidos antes da década de 1980, quando castigos do gênero eram aceitáveis pela sociedade, uma palmada sempre foi vista como necessária em certos casos de desobediência.
Muitos são os que receberam castigo físico durante a infância e se tornaram adultos honestos, disciplinados e respeitáveis, assim como os pais, os avós e assim por diante. Parece que a regra sempre funcionou. Hoje, com o cuidado excessivo, o planeta parece habitado por uma horda de pessoas mimadas.



Para comentar e explicar a Lei da Palmada, a Livraria da Folha entrevistou cinco autores sobre o tema. Ouça-os e decida se um tapinha não dói.
Psicóloga e psicoterapeuta de casal e família, Natércia Tiba, filha do psiquiatra e educador Içami Tiba, disse que o caso de Sumaré não é uma situação tão anômala quanto se pensa. A atitude retrata o desespero de um professor.
Colaboradora de "Quem Ama, Educa!" e autora de "Mulher sem Script", da Integrare Editora, Natércia defende que a lei pode se virar contra os pais de uma maneira pouco educativa aos filhos. "É tentar tratar um sintoma de uma maneira muito pouco eficiente", explicou.
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Paulo Freire temia que suas ideias se transformassem em um receituário
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"Quem disse que a nossa geração, por ter apanhado, construiu um mundo melhor", comentou Paulo Ghiraldelli Jr. sobre a suposta eficiência das surras.
Autor do recém lançado "As Lições de Paulo Freire", da Manole, e de dezenas de outros livros sobre educação e filosofia, Ghiraldelli defende a necessidade de se impedir a violência exagerada. "Todo mundo se acha capaz de 'bater certinho'", disse em entrevista.
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Edição questiona se ser mãe seria um desejo inerente à natureza da mulher
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Autores de "Sem Filhos Por Opção", publicado pela editora nVersos, Edson Fernandes e Margareth Lacerda concordam que a agressão é um problema que não pode ser ignorado.
Apesar do título, o livro não é contrario à concepção, mas examina a necessidade de preparo para tal. A edição mostra a diferença entre "colocar filho no mundo" e exercer a função de pai e mãe.
Edson mostrou que os números de violência contra a criança no Brasil são alarmantes, a maioria dos casos é de espancamento. Mais que a interferência do poder público, "é necessário que os pais sejam orientados". Ouça.
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Autor denuncia o conhecimento bancário como grande obstáculo à formação
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Favorável à lei, Margareth disse que filhos devem ser protegidos de pais desequilibrados. Como existem leis como Maria da Penha e de proteção aos animais, seria absurdo não proteger as crianças.
Para Ruy Cezar do Espírito Santo, autor de Desafios na Formação do Educador: Retomando o Ato de Educar", da editora Ágora, falta autoconhecimento. O professor lembrou Paulo Freire e defendeu a necessidade do resgate da história de cada aluno para entender a origem da agressividade.

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