Folha de S.Paulo, 30/11/2012
Entre 2002 e 2010, o número de negros mortos cresceu e o de brancos, teve queda
Entre 2002 e 2010, o número de negros assassinados no país cresceu e o de brancos diminuiu, aumentando em 159% a diferença entre homicídios contra as duas raças.
Essa é uma das conclusões de estudo apresentado ontem pela Seppir (Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial), que lançou um plano para tentar diminuir o problema entre os jovens, os principais alvos do crime.
O estudo não arrisca explicação para o fenômeno, ocorrido na década em que a desigualdade de renda atingiu o menor patamar em 30 anos.
Em 2002, a diferença entre assassinatos contra brancos e contra negros era de 8.085. Em 2010, esse número chegou a 20.936 -daí os 159%. Entre o primeiro e o último ano, o número de homicídios no Brasil cresceu 7%.
Em 2002, foram mortas 26,9 mil pessoas que se declaravam pretas ou pardas. Em 2010, foram 34,9 mil, aumento de quase 30%. Em relação aos brancos, o caminho foi inverso: queda de mais de um quarto -18,8 mil para 14 mil.
No período, a população negra cresceu 22% e a branca, 0,5%. Tanto o autor do estudo, Julio Jacobo, quanto a Seppir consideram que o fato de a morte dos negros gerar menos mobilização social ajuda a explicar o fenômeno.
O estudo usa informações do Ministério da Saúde que, apesar de serem as únicas que usam o quesito cor de pele, são alvos de críticas. Elas tendem a subestimar o número de assassinatos. Principalmente porque muitas mortes resultantes de homicídios são lançadas no sistema como "intenção indeterminada".
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