Levantamento inclui dados de homicídios ocorridos entre 2002 e 2010.
Segundo Mapa da Violência, morte de brancos caiu, mas de negros subiu.
A Região Norte tem a maior taxa de homicídios de negros do país, segundo o levantamento “Mapa da Violência - A cor dos homicídios” lançado nesta quinta-feira (29) pela Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) da Presidência da República.
Segundo o estudo, entre os anos de 2002 e 2010, houve queda do número de homicídios na população branca, mas aumento nos números da população negra, com o assassinato de 272.422 cidadãos negros no país --uma média de 30.269 assassinatos ao ano. Só em 2010, foram 34.983.
As mortes de negros tiveram aumento de 29,8%. Já o número de homicídios de brancos caiu de 18.867 em 2002 para 14.047 em 2010, o que representa uma queda de 25,5% nesses oito anos.
Evolução do nº de homicídios no país
|
Negros
(% do total) |
Brancos
(% do total) |
---|---|---|
2002 | 41 | 58,6 |
2003 | 39,7 | 59,7 |
2004 | 38 | 61,5 |
2005 | 35,4 | 64,2 |
2006 | 34,3 | 65,2 |
2007 | 32 | 67,6 |
2008 | 31 | 68,5 |
2009 | 30,6 | 69 |
2010 | 28,5 | 71,1 |
TOTAL | 34,5 | 65,1 |
*Fonte: Mapa da Violência 2012 |
A taxa de homicídios de brancos também caiu, de 20,6 para 15,5 homicídios por cada 100 mil habitantes (queda de 24,8%), enquanto a de negros cresceu de 34,1 para 36 (aumento de 5,6%).
Pelo país
Na Região Norte, houve o maior crescimento no número de homicídios de negros, de 125,5%. Em seguida aparece o Nordeste, com aumento de 96,7% entre os anos de 2002 e 2010. No mesmo período, houve queda de mortes de jovens brancos no Sudeste, de 61,4%.
Na Região Norte, houve o maior crescimento no número de homicídios de negros, de 125,5%. Em seguida aparece o Nordeste, com aumento de 96,7% entre os anos de 2002 e 2010. No mesmo período, houve queda de mortes de jovens brancos no Sudeste, de 61,4%.
De acordo com o Mapa da Violência, há “pesados aumentos de vítimas negras” no Pará, Bahia, Paraíba e Rio Grande do Norte. Os estados Bahia, Paraíba e Pará foram os que tiveram maior crescimento no número total de homicídios de negros, mais que triplicando no mesmo período.
Taxa de homicídio nos Estados e Regiões em 2010
|
Brancos
(por 100 mil hab.) |
Negros
(por 100 mil hab.) |
---|---|---|
Acre | 14 | 18 |
Amazonas | 9,2 | 38,4 |
Amapá | 15,7 | 41,1 |
Pará | 15,8 | 55,1 |
Rondônia | 25,8 | 39,4 |
Roraima | 8,5 | 34,2 |
Tocantins | 10,6 | 27,1 |
NORTE
|
15,2
|
44,9
|
Alagoas | 4,4 | 80,5 |
Bahia | 11,7 | 47,3 |
Ceará | 11,2 | 30,3 |
Maranhão | 9,7 | 26,3 |
Paraíba | 3,1 | 60,5 |
Pernambuco | 7,7 | 54,6 |
Piauí | 7,6 | 15 |
Rio Grande do Norte | 8,7 | 34,7 |
Sergipe | 10,1 | 39,8 |
NORDESTE
|
8,8
|
42,6
|
Espírito Santo | 17,7 | 65 |
Minas Gerais | 10,5 | 23,7 |
Rio de Janeiro | 21,5 | 41 |
São Paulo | 12,2 | 16,1 |
SUDESTE
|
13,7
|
27,1
|
Paraná | 39,3 | 22,6 |
Rio Grande do Sul | 18 | 25,1 |
Santa Catarina | 12,6 | 13,3 |
SUL
|
24
|
21,8
|
Distrito Federal | 10,4 | 52,8 |
Goiás | 15,4 | 42,8 |
Mato Grosso do Sul | 18,9 | 30,6 |
Mato Grosso | 21,4 | 39,7 |
CENTRO-OESTE
|
16,3
|
42
|
BRASIL
|
15,5
|
36
|
*Fonte: Mapa da Violência 2012 |
Alagoas, Espírito Santo e Paraíba são os que apresentaram as maiores taxas de homicídios de negros: 80,5; 65 e 60,5 para cada 100 mil negros. “São níveis altamente preocupantes”, diz o estudo. A taxa do Brasil foi de 27,4 homicídios em 100 mil habitantes. Em Alagoas, para cada jovem branco assassinado, morrem proporcionalmente mais de 20 jovens negros.
O estudo também mede a taxa de vitimização dos negros, ou seja, se existem mais vítimas negras do que brancas. Os números mostram que esse índice aumentou de 65,4 e chega a 132,3 em 2010. Isso significa que, naquele ano, para cada branco vítima de homicídio proporcionalmente morreram 2,3 negros pelo mesmo motivo.
Por estado, a taxa de vitimização é maior na Paraíba, Alagoas, Pernambuco, Distrito Federal e Amazonas. Nesses lugares, morrem muito mais negros do que brancos como vítimas de homicídio. Paraíba tem um branco assassinado para cada 19 negros, e Alagoas, um branco para cada 18 negros.
Santa Catarina apresentou índices baixos de homicídios, tanto para negros como para brancos, e Paraná foi o único Estado do país onde morrem, proporcionalmente, mais brancos que negros.
Capitais
Nas capitais, João Pessoa lidera a taxa de homicídios de negros, com 140,7 cada 100 mil negros, seguida de Maceió, com 132,6. Em João Pessoa, para cada branco assassinado, morrem 29 negros. Em Maceió, para cada branco morrem 26 negros.
Nas capitais, João Pessoa lidera a taxa de homicídios de negros, com 140,7 cada 100 mil negros, seguida de Maceió, com 132,6. Em João Pessoa, para cada branco assassinado, morrem 29 negros. Em Maceió, para cada branco morrem 26 negros.
Nas capitais, a vitimização negra foi quase o dobro do que a média nacional: 250. Apenas Curitiba apresentou taxa de homicídios de negros menor que a de brancos.
Ainda conforme o levantamento, ao todo, 2.918 municípios não tiveram registro homicídios de negros.
Entre 608 municípios com mais de 50 mil habitantes citados no estudo, a maior taxa de homicídios de negros do Brasil está em Ananindeua (PA), seguida de Simões Filho (BA), Cabedelo (PB), Arapiraca (AL) e Porto Seguro (BA).
Os municípios com maior número absoluto de homicídios de negros são Salvador, Rio de Janeiro, Recife, Manaus, Maceió, São Paulo e Brasília.
O estudo diz também que a maior parte das mortes ocorre na faixa etária entre 20 e 21 anos, mas, entre os negros, aumentou 46 vezes na faixa entre os 12 e 21 anos, entre 2002 e 2010. Nessa mesma faixa etária, a morte de brancos aumentou 29 vezes no mesmo período.
Os dados do estudo incluem mortes relacionadas a algum tipo de agressão e foram compilados com base no Sistema de Informações de Mortalidade (SIM) da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde. O termo negro inclui tanto a população classificada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) como preta como aquela definida como parda.
“Os níveis atuais de vitimização negra já são intoleráveis, mas se nada for feito de forma imediata e drástica, a vitimização negra no país poderá chegar a patamares inadmissíveis pela humanidade”, conclui o estudo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário