6 de março de 2010

6 de março de 2010

Jornal de Jundiaí | Opinião | SP

O público e o privado

Até hoje neste país não encontramos soluções plausíveis para nossos problemas educacionais. Lendo Rosely Sayão no seu artigo "Ensino público", do último dia 25 de fevereiro, na Folha de S.Paulo - caderno equilíbrio, acho que a psicóloga tem razão quando diz que o brasileiro, principalmente a classe média, "não se importa com as políticas públicas em educação". E por que isso ocorre? Porque há 40 anos só entravam no antigo ginásio os alunos que tinham suas competências bem avaliadas através do exame de admissão.

Por que nessa nossa época só estudavam na escola pública os alunos que tinham mais aptidões, conhecimentos e habilidades de leitura, escrita, cálculo e de outros componentes curriculares, para tornar um jovem profissionalmente preparado para o mercado de trabalho? Os governantes cuidaram da democratização da educação, ampliando o número de escolas, mas se esqueceram de cuidar da qualidade. Essa não deveria ser a lógica para dar no que deu: alunos saem do ensino médio de escolas públicas bem avaliadas e não conseguem ingressar numa universidade pública.

"Outros ingressam, após muito esforço, estudo e ajuda da prova seletiva classificatória", segundo R. Sayão. No nosso país, infelizmente crianças cursam em escolas privadas as séries iniciais da Educação Básica, que vai até o antigo 2° grau ou ensino médio e depois o objetivo se direciona para o Ensino Superior numa Universidade Pública. E por que não existe a preocupação de todos os envolvidos nessa educação, já que somos o 88º país no ranking realizado pelo Unesco nesse quesito?

"No meio do caminho há uma pedra", dizia Drummond. Há uma pedra no meio do caminho, dizemos nós que, trabalhando na educação pública e privada percebemos que algo está errado na estrutura do sistema educacional brasileiro. Somos dirigentes sindicais de professores em escolas privadas, mas defendemos a escola pública para todos e concordamos com Rosely Sayão quando fala da incoerência de famílias da classe média que valorizam a educação básica privada e na educação superior valorizam o ensino público.

Até quando suportaremos tantas experiências malfadadas na educação brasileira? É preciso que os cidadãos críticos se mobilizem pela valorização da educação pública, a fim de que pobres e ricos tenham a mesma chance de ingresso à Universidade Pública. Na área do Magistério, no momento há vagas às moscas, pois na atual conjuntura o professor não tem incentivo para ingressar nos cursos de formação.

Profª Neizy Cardoso é diretora da Biblioteca, presidente do SINPRO; membro da AFLAJ e AILA; ex-vereadora. E-mail: neizy@terra.com.br.


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