16 de março de 2010

Jornal de Jundiaí

Sempre a educação 2

"Me movo como educador, porque primeiro me movo como gente" (Paulo Freire)

O maior educador do século XX, com renome internacional em método de alfabetização foi, sem dúvida, Paulo Freire. No Brasil, infelizmente parece que Freire é menos compreendido e valorizado do que lá fora. E por que falamos hoje neste maravilhoso intelectual que colocava em primeiro lugar de sua vida profissional o sujeito da Educação, o aprendiz ou aluno? Porque ele nos dá relevantes lições em de suas obras educativas desde a "Pedagogia do Oprimido", "Educação como prática de liberdade", "Educação e mudança", "Pedagogia da Esperança", "Mudar é difícil, mas é possível" e a "Pedagogia da indignação". Em "A importância do ato de ler em três artigos" que se completam, o emérito educador nos propõe a ousarmos fazer algumas reflexões. Tão importante nos tempos atuais é o "ato de ler", no sentido de se fazer uma compreensão e interpretação do que assimilamos até chegarmos à desejável leitura crítica do mundo que nos rodeia e que nos faz interpretar aquilo que nos incomoda.

Assim compreendemos como é importante nos movimentar como "gente" antes de nos mover como "educador". Sim, o educador consciente é aquele que pratica o "ser" em primeiro lugar. Ser gente, ser tolerante, crítico, solidário, compreensivo é, sem dúvida, uma ação de educador comprometido. O comprometimento do professor com a educação é tão necessário quanto o dos gestores da educação para com o educador, numa estrada de mão dupla.Nem sempre isso acontece, pois estamos em plena campanha salarial, porque somos "gente" antes de sermos "educadores", mas parece que nem todos entendem Paulo Freire.

Para que haja educação no seu sentido pleno é preciso haver transformação, valorização, respeito, pois a educação carece de metas, ações e estratégias tão faladas e pouco cumpridas, desde a década de 70, neste país. Sou do tempo do ensino renovado; passamos pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 5692/71; hoje estamos nos tempos da LDBn 9495/96, deixada por Darcy Ribeiro e, nenhuma regulamentação satisfatória ocorreu. Por isso professores da rede pública e privada buscam ansiosamente alguma solução que não nos deixe esmorecer.

Se todos, família, sociedade, escola, alunos e professores não colocarem a educação como meta e foco principal da transformação social, teremos o fim de uma carreira tão especial, a do professores. Concluindo, achamos que o resultado da classificação do Brasil como 88º país no ranking da Unesco, é um alerta para colocarmos as barbas de molho no quesito educação.

Profª Neizy Cardoso é Licenciada em Letras e Pedagogia, Diretora da Biblioteca, Presidente do SINPRO e ex-vereadora. E-mail: neizy@terra.com.br.

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