4 de março de 2010

violencias nas escolas

O Estado de S. Paulo

SP e BA registram violência em escola

Foram 3 casos em 2 dias na rede pública, todos com feridos; em Salvador, aluno atacou professor com faca

Tiago Décimo e Sandro Villar Especial para o Estado

Duas semanas após o início das aulas, as redes públicas de São Paulo e Bahia registraram três casos de violência dentro de escolas. No mais grave, em Salvador, um adolescente de 15 anos foi atingido por um tiro. Ontem, também na capital baiana, um aluno esfaqueou um professor. Em Marília, no interior de São Paulo, dois estudantes ficaram feridos com a explosão de uma bomba, levada por um colega.

Na tarde de anteontem, um estudante de 15 anos da 5ª série do Colégio Estadual Padre Palmeira, na periferia de Salvador, foi atingido por um tiro no braço durante o intervalo das aulas. Segundo testemunhas, os agressores estavam do lado de fora da escola e tentaram acertar outro estudante. O aluno ferido foi encaminhado para o Hospital-Geral do Estado e não corre risco de morte. A polícia ainda reúne pistas para identificar o autor do disparo. As aulas chegaram a ser suspensas. Voltaram ao normal ontem.

No colégio Edvaldo Brandão Correia, também na capital baiana, um aluno atacou ontem o professor Marcos Nonato, que recebeu uma facada no pescoço. Colegas disseram que o agressor teria ficado irritado com Nonato por ele não ter permitido sua entrada na sala de aula após o horário estabelecido. O estudante foi encaminhado à Delegacia do Adolescente Infrator, onde está detido.

A direção suspendeu as aulas hoje e vai promover uma manifestação contra a violência.

Em Marília, a explosão de uma bomba durante o recreio na Escola Estadual Professora Oracina Correa de Moraes Rodine deixou dois adolescentes de 15 anos com ferimentos leves nos braços e rosto. O aluno acusado de ter levado a bomba foi suspenso por quatro dias e pode ser expulso do colégio. "A expulsão vai depender da análise do conselho da escola", explicou a diretora Neusa Maria Seefelder. O estudante nega ter sido responsável pela bomba. No ano passado, a escola havia registrado outra explosão, que não deixou feridos.

O caso foi classificado como "grave" pela polícia. Segundo Ricardo Luiz de Paula Martinez, delegado do 4º Distrito Policial de Marília, os pais do estudante deverão ser chamados para depor. "Se o pai ajudou a fazer a bomba, se teve participação, poderá responder criminalmente", disse o delegado.

A antropóloga Miriam Abramovay, da Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana, avalia que os três casos são diferentes, mas todos devem ser analisados com atenção. "A escola é um espaço muito pouco cuidado no que diz respeito ao clima, às relações sociais." Para Miriam, nos episódios de vandalismo, deve haver a preocupação em ouvir o responsável. "Ele também é vítima. Alguma coisa aconteceu para sentir tanta raiva da escola e querer explodi-la."

Não há dados oficiais sobre violência nas escolas. Pesquisa feita no ano passado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que 12,9% dos jovens entrevistados relataram ter se envolvido em alguma briga na escola no mês anterior. O trabalho ouviu alunos matriculados no último ano do ensino fundamental.

EM PERIGO 13,3% dos alunos do último ano do ensino fundamental de São Paulo disseram ter se envolvido em briga dentro da escola no mês anterior à pesquisa do IBGE, de 2009 12,7% dos estudantes do último ano do ensino fundamental de Salvador também afirmaram ter se envolvido em alguma briga na escola 6,5 % dos alunos do último ano do ensino fundamental de São Paulo disseram que não compareceram à escola ao menos um dia no mês anterior à pesquisa por problemas de violência no trajeto

_______Responsável por ataque também pode ser vítima, diz especialista_________

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