O Brasil não pode mais se comparar ao Brasil do passado, mas aos outros titãs emergertentes e aos ricos. | |
SE VOCÊ NÃO estiver trabalhando todo dia para tornar a sua própria empresa obsoleta, saiba que seus concorrentes o farão. Inovar não é fácil, mas é fundamental. Se, em vez de você, for o seu concorrente a descobrir a próxima grande coisa, você será a próxima grande vítima.
No Grupo ABC, inovamos no acesso ao mercado de capitais, na valorização sem compromisso do talento e na busca da excelência na gestão, o que nos transformou no 20º grupo de serviços de propaganda e marketing do mundo -o maior de capital brasileiro.
Apesar da burocracia e da alta carga de impostos, o DNA brasileiro pode ser motor da inovação.
O tamanho cada vez maior do nosso mercado interno é uma grande alavanca. No ranking da competitividade global do Fórum Econômico Mundial, ficamos em 58º lugar entre 139 países, muito graças ao tamanho do mercado doméstico (estamos em nono nesse quesito).
Esse gigantismo pela própria natureza nos dá ganhos de escala em tudo, inclusive para inovar. E a inovação no Brasil está dada por suposto. Somos um país novo e específico. Misturamos e processamos elementos reunidos apenas aqui -nenhum outro lugar contém nossos atributos.
Nosso descontraído mix étnico, nossa capacidade de adaptação, nossa comunicabilidade são parte de um "soft power" original e bom para os negócios. Estamos inventando a nossa civilização, com confiança e com alegria.
Esse progresso que celebramos depois de 16 anos de estabilidade econômica é só o começo. Estabelecemos bases simples e seguras para realizarmos nosso potencial: o respeito às regras básicas da economia de mercado e a eficiência do processo político-eleitoral.
Agora precisamos -empreendedores, pesquisadores, investidores, governos- fazer a nossa parte para o próximo salto de desenvolvimento, o da economia inovadora.
Economistas dizem que apenas a inovação garante a elevação do padrão de vida no longo prazo. O Brasil não pode mais se comparar ao Brasil do passado -ele já foi superado e não voltará-, mas aos outros titãs emergentes e aos países ricos.
Foi a inovação que fez a Coreia do Sul se distanciar tanto de nós em poucas décadas. É ela que hoje alimenta o milagre chinês e que foi o caminho que deu aos Estados Unidos, à Europa e ao Japão seu alto grau de desenvolvimento humano.
E, antes da inovação, veio a educação. A educação, para inovar, precisa estar mais perto das empresas. O Brasil tem uma produção científica importante, de expressão mundial, mas um registro minúsculo de patentes. A academia está longe da economia.
Mesmo nas empresas, a cultura da inovação precisa ser mais enfatizada e enraizada. Responda rápido: quem está cuidando de inovação na sua empresa? Se você não sabe a resposta, fique preocupado.
A inovação já está presente na agenda de negócios do Brasil. Incentivos fiscais e de crédito, principalmente via BNDES, estão disponíveis, embora pouco acessados. Isso precisa melhorar.
O agronegócio brasileiro é o exemplo de onde podemos chegar aliando inovação ao potencial Brasil, que é o antídoto ao custo Brasil.
A criação da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), ainda em 1973, foi indispensável para transformar nossa abundante e abençoada mistura de terra, sol e água em celeiro do planeta.
Lideramos na produção de grãos, de frutas e de carnes porque os pesquisadores da Embrapa criaram, e seguem criando, tecnologias inovadoras na cadeia agropecuária -de sementes ao manejo do solo.
É preciso que os diversos setores da economia brasileira criem e desenvolvam suas próprias Embrapas, centros de excelência de pesquisa aplicada.
Vivemos a infância de uma revolução tecnológica que avança como um raio diante de nossos olhos.
Sistemas inteligentes estão fazendo convergir o mundo real e o mundo digital, dando acesso fácil a uma imensidão de dados.
A inteligência logo será commodity. O uso original que faremos dela chama-se inovação. Se já transformamos tristeza em samba, não há limite para nossa capacidade inovadora. Pense novo. De novo. Sempre.
NIZAN GUANAES, publicitário e presidente do Grupo ABC, escreve às terças, a cada 15 dias, nesta coluna.
Folha de Sao Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário