Desafio da nova economia é revolucionar a educação, apontam especialistas
Painel "Como educar para a nova economia", do 3º Congresso Internacional de Inovação, realizado nos dias 17 e 18 de novembro, em Porto Alegre (RS)
O maior desafio para a educação brasileira e mundial nos próximos anos será repensar métodos de ensino, para despertar o interesse dos alunos para o estudo. Essa foi a ideia central levantada no painel "Como educar para a nova economia", na manhã desta quinta-feira, no 3º Congresso Internacional de Inovação, moderado pelo coordenador do Conselho de Inovação e Tecnologia da Fiergs, Ricardo Felizzola.
"Se na década de 90, o desafio era colocar os jovens na escola, agora, é promover uma revolução na educação", sugere o economista-chefe do Centro de Políticas Sociais vinculado à Fundação Getulio Vargas (CPS/FGV), Marcelo Neri.
Essa necessidade é comprovada por um estudo apresentado por ele, que mostra aspectos como os motivos que levam estudantes a desistir da qualificação. Mais de 40% dos jovens entre 15 e 17 anos consultados apontam que não estudam pelo fato de a escola e as aulas serem pouco interessantes. Quando o foco são cursos profissionalizantes e a faixa-etária é dos 15 aos 29 anos, esse percentual aumenta para 63,8%.
"Precisamos adaptar os conteúdos para a realidade e mostrar os benefícios de ser um profissional qualificado", analisa Neri, ao apresentar dados que comprovam o retorno do investimento em educação. Profissionais com ensino médio técnico em seus currículos, por exemplo, têm salários, em média, 14% maior, e quando tecnólogos, o crescimento é de 24%.
O especialista em inovação e conselheiro para política em educação no governo Tony Blair, Richard Gerver, também reforçou a necessidade de modificar o ensino. "O mundo mudou, precisamos educar os jovens para saírem do lugar-comum, desafiá-los a questionar, a sair do quadrado", afirma Gerver.
Para isso, ele afirma que é preciso tirar da rotina dos professores o obsessão por resultados, dados e provas para mostrar eficiência. "No passado, o educador preparava os alunos para a certeza, agora, precisamos criar incertezas, ensinar que cometer erros não é ruim, assim é o mundo que vivemos", analisa, destacando que as próximas gerações terão de criar soluções para as crises que já vivenciamos hoje - ambiental, econômica e sócio-éticas.
Cenários futuros
O analista do programa de Cooperação com Países não-Membros para Educação da Organização para Cooperação Econômica e Desenvolvimento (OECD, da sigla em inglês), Mihaylo Milovanovitch, mostrou quatro cenários de educação para 2030 previstos em estudo da organização. Um deles é o das "redes abertas". Nessa previsão, haverá educação e pesquisa universitárias internacionalizada, os estudantes terão mobilidade para estudar em outros países.
"O ensino será cada vez mais customizado", afirma Milovanovitch. Segundo dados apresentados, estamos encaminhando para essa realidade. Em 2007, eram 3 milhões de estudantes fora de seus países, daqui a 20 anos, esse índice deve triplicar.
Denise Corrêa da Rocha, da Unidade de Prospectiva do Trabalho do Senai-DN, também apresentou cenários previstos para os próximos 15 anos, por estudo da entidade com base em dados do BNDES. Uma das previsões mostra uma economia interna e externa em crescimento, aumento da demanda por profissionais com conhecimentos técnicos, gerenciais e sistêmicos, aumento do orçamento para pesquisa e elevação do orçamento.
"Nesse cenário, será necessário flexibilizar e customizar os currículos da educação profissional e do uso de novas tecnologias", afirma Denise.
O painel ainda contou com a participação do diretor de Educação Básica de Santa Catarina, Antonio Elízio Pazeto, que mostrou as conclusões do estudo desenvolvido pela OECD de avaliação da situação da educação no Estado, com o secretário da Educação do Rio Grande do Sul, Ervino Deon, e com o pró-reitor da Feevale, Cleber Prodanov.
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