20 de setembro de 2011
Jornal de Hoje - Nova Iguaçu | RJ
* Cláudio SantosPaíses e governantes que não dispensam atenção especial às suas crianças e jovens estão fadados a verem no futuro um quadro sombrio para o seu próprio desenvolvimento e soberania diante da barbárie capitalista que assola o mundo. Infelizmente, os resultados de importantes estudos e pesquisas que abrangem as mais diversas áreas demonstram que os nossos governantes ainda não aprenderam - ou não querem aprender - a lição. Uma prova disso é o relatório divulgado em fevereiro deste ano pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), no qual divulga que 38% dos adolescentes do Brasil vivem em situação de pobreza e representam o grupo etário mais vulnerável ao desemprego, pobreza e violência, entre outros indicadores de redução de qualidade de vida.
Segundo o relatório, 81 mil adolescentes brasileiros de 15 a 19 anos - segundo o conceito internacional - foram assassinados entre 1998 e 2008. A triste estatística faz com que o Brasil ocupe o 1º lugar do ranking mundial de homicídios de jovens. Os dados corroboram com a tese de que estamos exterminando o nosso próprio futuro. E na contramão do que acontece nos demais países, inclusive em nações mais pobres, o número de adolescentes assassinados no Brasil é bem maior que o número de adolescentes mortos em acidentes de trânsito e outras causas violentas. O fato é que comparativamente a outros países, os adolescentes brasileiros estão expostos, de modo desproporcional, à violência do tráfico de drogas, às falhas das políticas de segurança e à pobreza.
O relatório informa que o Brasil tem 33 milhões de adolescentes entre 10 e 19 anos e a partir desses dados, a Unicef faz um apelo para que o governo invista na criação de programas de saúde, educação e segurança voltados especialmente para os adolescentes.
A insuficiência de oportunidades de inserção social e produtiva dos adolescentes no país e o descaso do poder público aliado à corrupção endêmica torna nossos adolescentes o grupo etário mais vulnerável a determinados riscos, como o desemprego, subemprego, violência, degradação ambiental e redução dos níveis de qualidade de vida. Analisando detalhadamente o relatório, evidencia-se que os adolescentes afrodescentes são os mais atingidos pela pobreza, elevando o número de adolescentes pobres para 56%. Como se vê, ainda há muitos açoites e grilhões presentes na sociedade que ainda oprimem o povo negro.
Se já não bastasse a violência racial, nos deparamos com a violência de gênero, pois o Unicef também chama a atenção para o crescimento dos casos de gravidez na adolescência. Em 1998, foram registrados 27.237 nascimentos de filhos de mães de 10 a 14 anos. Uma década depois esse número subiu para 28.479. São crianças gerando crianças!
As regiões Norte e Nordeste, cujas cidades registram altos índices de prostituição infantil, mais da metade das crianças se tornam mães nestas regiões. Hoje, em todo o mundo, as principais causas de morte de meninas de 15 a 19 anos de idade são complicações relacionadas à gravidez e ao parto. No documento, o Unicef recomenda que o governo brasileiro crie medidas direcionadas aos adolescentes. Dentre as medidas que a organização propõe que o ensino médio seja ampliado para oferecer além de capacitação profissional voltada para o mercado de trabalho, opções de cultura, esporte, lazer e de temas que reforcem a cidadania e o protagonismo juvenil. Outra mediada é a oferta de programas de saúde específicos para os adolescentes, inclusive com clínicas públicas especializadas no tratamento contra o uso de drogas.
Com a escalada da violência, não é mais preciso percorrer favelas e periferias para comprovar que os adolescentes foram abandonados e hoje clamam por socorro. O Mapa da Violência 2011, divulgado pelo Instituto Sangari (dados referentes a 2008) apresenta uma radiografia das mortes violentas de nossos jovens e aponta Duque de Caxias como a Cidade do Estado do Rio de Janeiro que mais mata adolescentes, ocupando no ranking nacional a 16ª posição. O mapa aponta ainda Nova Iguaçu ocupando a 127ª posição no ranking das cidades que mais matam adolescentes no país. No Estado do Rio de Janeiro ocupa a 16ª posição e entre os municípios da Região Metropolitana a 12ª posição. Considerando-se apenas os municípios da Baixada Fluminense, Nova Iguaçu ocupa a 6ª posição.
Estatísticas que revoltam, envergonham e, sobretudo, deixam profundas marcas em toda a sociedade brasileira. A juventude quer viver! E mais do que isso quer viver com dignidade.
Desde que haja vontade política e, sobretudo, ampla pressão popular e controle social será possível alterar esse drástico quadro de violência e desrespeito aos direitos humanos. As eleições municipais se aproximam e os momentos que as antecedem são oportunos para conhecer e fomentar com os próprios jovens o debate de propostas que garanta o acesso às políticas públicas para a juventude, prioritariamente para a parcela jovem mais pobre e refém das garras do medo e da violência.
* Cláudio Santos é do Movimento de Trabalhadores Cristãos. (cláudio_ofs@yahoo.com.br).
Segundo o relatório, 81 mil adolescentes brasileiros de 15 a 19 anos - segundo o conceito internacional - foram assassinados entre 1998 e 2008. A triste estatística faz com que o Brasil ocupe o 1º lugar do ranking mundial de homicídios de jovens. Os dados corroboram com a tese de que estamos exterminando o nosso próprio futuro. E na contramão do que acontece nos demais países, inclusive em nações mais pobres, o número de adolescentes assassinados no Brasil é bem maior que o número de adolescentes mortos em acidentes de trânsito e outras causas violentas. O fato é que comparativamente a outros países, os adolescentes brasileiros estão expostos, de modo desproporcional, à violência do tráfico de drogas, às falhas das políticas de segurança e à pobreza.
O relatório informa que o Brasil tem 33 milhões de adolescentes entre 10 e 19 anos e a partir desses dados, a Unicef faz um apelo para que o governo invista na criação de programas de saúde, educação e segurança voltados especialmente para os adolescentes.
A insuficiência de oportunidades de inserção social e produtiva dos adolescentes no país e o descaso do poder público aliado à corrupção endêmica torna nossos adolescentes o grupo etário mais vulnerável a determinados riscos, como o desemprego, subemprego, violência, degradação ambiental e redução dos níveis de qualidade de vida. Analisando detalhadamente o relatório, evidencia-se que os adolescentes afrodescentes são os mais atingidos pela pobreza, elevando o número de adolescentes pobres para 56%. Como se vê, ainda há muitos açoites e grilhões presentes na sociedade que ainda oprimem o povo negro.
Se já não bastasse a violência racial, nos deparamos com a violência de gênero, pois o Unicef também chama a atenção para o crescimento dos casos de gravidez na adolescência. Em 1998, foram registrados 27.237 nascimentos de filhos de mães de 10 a 14 anos. Uma década depois esse número subiu para 28.479. São crianças gerando crianças!
As regiões Norte e Nordeste, cujas cidades registram altos índices de prostituição infantil, mais da metade das crianças se tornam mães nestas regiões. Hoje, em todo o mundo, as principais causas de morte de meninas de 15 a 19 anos de idade são complicações relacionadas à gravidez e ao parto. No documento, o Unicef recomenda que o governo brasileiro crie medidas direcionadas aos adolescentes. Dentre as medidas que a organização propõe que o ensino médio seja ampliado para oferecer além de capacitação profissional voltada para o mercado de trabalho, opções de cultura, esporte, lazer e de temas que reforcem a cidadania e o protagonismo juvenil. Outra mediada é a oferta de programas de saúde específicos para os adolescentes, inclusive com clínicas públicas especializadas no tratamento contra o uso de drogas.
Com a escalada da violência, não é mais preciso percorrer favelas e periferias para comprovar que os adolescentes foram abandonados e hoje clamam por socorro. O Mapa da Violência 2011, divulgado pelo Instituto Sangari (dados referentes a 2008) apresenta uma radiografia das mortes violentas de nossos jovens e aponta Duque de Caxias como a Cidade do Estado do Rio de Janeiro que mais mata adolescentes, ocupando no ranking nacional a 16ª posição. O mapa aponta ainda Nova Iguaçu ocupando a 127ª posição no ranking das cidades que mais matam adolescentes no país. No Estado do Rio de Janeiro ocupa a 16ª posição e entre os municípios da Região Metropolitana a 12ª posição. Considerando-se apenas os municípios da Baixada Fluminense, Nova Iguaçu ocupa a 6ª posição.
Estatísticas que revoltam, envergonham e, sobretudo, deixam profundas marcas em toda a sociedade brasileira. A juventude quer viver! E mais do que isso quer viver com dignidade.
Desde que haja vontade política e, sobretudo, ampla pressão popular e controle social será possível alterar esse drástico quadro de violência e desrespeito aos direitos humanos. As eleições municipais se aproximam e os momentos que as antecedem são oportunos para conhecer e fomentar com os próprios jovens o debate de propostas que garanta o acesso às políticas públicas para a juventude, prioritariamente para a parcela jovem mais pobre e refém das garras do medo e da violência.
* Cláudio Santos é do Movimento de Trabalhadores Cristãos. (cláudio_ofs@yahoo.com.br).
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