05 de setembro de 2011
Educação e Ciências | O Estado de S. Paulo | Vida | BR
Educador. Para o americano Richard Hinckley, papel do professor é facilitar o aprendizado
Para o especialista Richard Hinckley, o gestor da escola deve oferecer a melhor estrutura aos docentes
Mariana Mandelli - O Estado de S.Paulo
ENTREVISTA
Richard Hinckley, CEO do Center for Occupational Research and Development (Cord)
Com grande experiência profissional e pessoal dentro da escola, Richard Hinckley acha que o diretor, antes de tudo, deve ser um facilitador da vida dos professores, provendo o melhor ambiente de trabalho possível e, assim, impactando na aprendizagem dos alunos.
Hoje presidente do Center for Occupational Research and Development (Cord), organização não governamental nos Estados Unidos dedicada à educação, ele esteve recentemente no Brasil para participar do Sala Mundo Curitiba 2011, evento que reuniu especialistas em educação.
Abaixo, leia a entrevista que Hinckley concedeu ao Estado.
Analisando a sua carreira, vemos que você tem muita experiência dentro das escolas. Qual é a coisa mais importante que você aprendeu com isso?
Aprendi que o professor deve facilitar o aprendizado e mostrar aos estudantes como eles podem aplicar novos conhecimentos e habilidades em diferentes situações.
O que é um bom diretor na sua opinião? Que habilidades ele
deve ter? Que diferença ele pode fazer na escola?
Como diretor e superintendente, eu via o meu trabalho como "colocar o giz na borda". Por essa frase quero dizer certificar-se de que os professores têm todas as ferramentas necessárias para fazer seu trabalho sem se preocupar com a falta de suprimentos, mesas quebradas ou com um governo que não os apoia. Um bom diretor fornece as oportunidades de desenvolvimento profissional que os professores precisam para ganhar novas competências pedagógicas. O diretor precisa ver a si mesmo como um gerente e um facilitador para o professor, proporcionando o melhor currículo, o melhor ambiente de trabalho e a melhor estrutura possível para que os docentes possam também fazer o seu melhor. Num ambiente assim, um professor pode fazer a diferença com os alunos.
Bons professores fazem bons alunos?
Bons professores conseguem proporcionar experiências de aprendizagem que podem ajudar os estudantes a atingir seus objetivos e, assim, se tornarem bons alunos.
Como a escola pode motivar seus alunos?
Podemos ajudar os alunos a aprender como motivarem a si mesmos, criando uma atmosfera positiva dentro da sala de aula e apresentando materiais escolares que são relevantes para suas próprias vidas e aspirações. Eles se sentem mais motivados quando veem uma razão de ser para a escola e uma razão para aprender sobre si mesmos e sobre o mundo que os cerca.
Na sua opinião, o que seria um bom sistema educacional?
A questão principal dessa pergunta é: "Quais são os resultados?". Se o sistema de ensino está proporcionando aos jovens uma melhor qualificação para conseguirem os melhores empregos e também modos evoluídos para que eles interajam uns com os outros e com o ambiente ao redor, estamos fazendo bem o nosso trabalho como educadores. Bons professores - docentes dedicado que contam com uma boa estrutura de trabalho - são um elemento chave nesse processo. Podem existir as mais diversas estruturas de ensino, mas os dois principais pontos devem sempre ser o respeito aos alunos e o apoio aos professores.
O Brasil teve a terceira maior evolução nas médias entre as 65 nações que participaram do último Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa). Como você vê essa melhora?
O Pisa coloca os estudantes de uma nação para serem avaliados em comparação com os de outros países. Assim, prepara os alunos para que façam parte do mundo globalizado. Nós todos vivemos em uma economia global do conhecimento e, se o Brasil está preparando seus estudantes para viver e interagir melhor globalmente, isso é muito bom.
O Brasil está elaborando um novo Plano Nacional de Educação para os próximos dez anos. Está em discussão a reserva de 7% do Produto Interno Bruto (PIB) para a área. Educadores defendem 10%. O que você acha desse debate?
O financiamento é importante, mas não deve ser a razão para o sucesso ou o fracasso do sistema. O que deve ser feito com 7% ou 10% e como esse valor será utilizado é o aspecto mais importante.
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