Imagem: GREG/DP
Quantos livros você lê por ano? Um, três, sete? Ou melhor, quanto de seus rendimentos é reservado para comprar
livros? Talvez você nem lembre os títulos lidos e quanto gastou nas poucas livrarias existentes. Vai ver que você só
gasta em bienais, como a que acaba neste domingo, em Olinda. Só que comprar nem sempre é sinônimo de ler. A
realidade é que o brasileiro ainda lê pouco, embora compre muito.
O setor livreiro tem um papel importante no cenário econômico brasileiro. Movimenta, segundo a Associação Nacional
de Livrarias (ANL), algo em torno de R$ 2,1 bilhões por ano. É bastante dinheiro, principalmente para as grandes redes
de livrarias, que ficam com grande parte dos lucros deste mercado. Entre 2009 e 2010, o setor cresceu 9,6%, reflexo
direto do crescimento econômico do país.
Realizado pela ANL, o "Levantamento Anual do Segmento de Livrarias de 2010" apontou que um terço deste segmento
não chega a faturar R$ 1,2 milhão por ano, ou seja, menos de R$ 100 mil por mês. O nicho está concentrado nas
grandes redes, que faturam mais de R$ 9 milhões por ano. Elas representam, na avaliação da ANL, 38,24% do
mercado. É muito para poucos.
"Cerca de 60% são de pequenas e médias livrarias. Os números aumentaram, mas não ocorreram investimentos
proporcionais no setor, como a abertura de novos estabelecimentos. A população precisa aumentar o prazer pela
leitura", pontua Guto Kater, vice presidente da ANL. "As regras do setor e os preços dos produtos precisam ser justos,
pois temos um mercado potencial", reforça.
De acordo com o levantamento, baseado nos dados de 2009, as regiões Nordeste e Norte perderam espaço no
segmento de livrarias. O Nordeste, inclusive, perdeu oito pontos percentuais. O gosto pela leitura diminuiu assim como
o número de livrarias. Em Pernambuco, a ANL aponta que existiam 60 livrarias em 2009 e uma população de 8.810.256
de habitantes.
Segundo Kater, a internet tem participação neste cenário. Negativa. "O problema é que alguns players, que não são
necessariamente livreiros e nem se preocupam com a leitura, têm um poder de barganha grande, descontos de 25%,
40%. Em vez da livraria, os consumidores acabam comprando na rede", avalia. O resultado disso é o processo de
fidelização dos clientes.
Some-se a isso o mínimo de investimento financeiro necessário para começar um negócio no ramo de livros. Nos
cálculos de Kater, algo entre R$ 150 mil e R$ 200 mil (pequena empresa), com um prazo de retorno de até cinco anos.
Variáveis como localidade, tamanho, acervo inicial e se a livraria será especialista ou generalista também determinam se
a atividade terá ou não futuro.
Mesmo remando contra um mercado cuja concorrência é predatória, para a ANL o setor livreiro tem muito a ser
explorado. "A Unesco sugere uma livraria para cada 10 mil habitantes. Apesar dos números apontarem um crescimento
nas cifras, a quantidade está muito aquém de nossas necessidades", completa Kater.
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