09 de outubro de 2011 Educação e Ciências | Folha de S. Paulo | Gilberto Dimenstein | BR 'Ninguém quer morrer. Mesmo aqueles que estão convencidos de que vão para o paraíso', disse Jobs Começa amanhã a funcionar a maior sala de aula de que se tem notícia, na qual estão matriculados centenas de brasileiros, para estudar introdução à inteligência artificial. Até sexta passada, eram cerca de 140 mil alunos -o suficiente para lotar dois estádios do Morumbi. Ninguém paga nada e, no final, ainda recebe certificado de um professor tido como um dos cientistas mais criativos do mundo. Entre suas invenções, está um carro que se locomove sem necessidade de motorista, repleto de sensores por todos os lados. O alemão Sebastian Thrun é diretor do Laboratório de Inteligência Artificial de Stanford, na Califórnia, e se imagina capaz de ajudar a reinventar o ensino, como ajudou a reinventar o automóvel. "Ver tanta procura, com gente de tantos lugares, como vocês, brasileiros, é apenas sinal de que tem uma grande demanda por uma educação acessível de qualidade", comenta Sebastian. Inventores como ele ajudam a explicar por que Steve Jobs se transformou num sucesso, apesar de ter sido um estudante fracassado. Quando menino, Jobs era punido não apenas pela indisciplina, mas pela rispidez com que tratava os professores. Jobs não conseguiu ficar na faculdade nem seis meses, onde seu mundo era festa, droga e sexo. Só se interessou por algo que, naquele momento, não lhe parecia ter nenhuma utilidade: aulas de caligrafia. Dormia no chão de um dormitório, vendia latas de garrada e, segundo colegas, nem sempre se lembrava de tomar banho. Decidiu viajar pela Índia, onde se apaixonou pelo budismo e pelo LSD. "O LSD foi uma das três experiências mais importantes da minha vida", revelou. Talvez pudesse até se encaixar no perfil de um futuro artista. Mas de um empresário, obrigado a comandar milhares de pessoas? Admita: se você o encontrasse ali, deitado no chão, com a roupa velha, certamente não daria nada por ele. Não precisaria explicar aqui que Steve Jobs é um ponto fora da curva, com sua imensa inteligência, intuição e capacidade de aprendizado. Nada disso provavelmente seria suficiente se a vida não o levasse, quando criança, a morar em Palo Alto, onde está Stanford, repleta de tipos inventores e empreendedores como Sebastian Thrun - para quem todo inventor é um ser um pouco infeliz: "Há uma sensação de inquietude enquanto não encontramos soluções, e isso nunca passa. Achamos que o impossível sempre é possível". Não se tem notícia de nenhuma instituição de ensino superior que tenha gerado tantas empresas. Fala-se em 6.000 empresas. O impacto dessa busca de soluções aparentemente impossíveis era especialmente visível onde morava Jobs, filho de pais com pouca educação. Estava no centro do que depois seria chamado de Vale do Silício. Jobs poderia não ir bem na escola, mas aproveitava as aulas extracurriculares oferecidas por engenheiros da Hewlett-Packard. Aos 12 anos, viu o primeiro computador numa dessas apresentações e imaginou o que faria de sua vida. Um dia ele pediu ao próprio criador da empresa, o legendário William Hewlett, peças para completar seu projeto na escola. Ganhou as peças e um estágio nas férias de verão. Toda a região era como se fosse um campus aberto. Natural que abrisse, na garagem da casa de seu pai, seu laboratório para desenvolver um computador. Antes disso, quando ainda estava no ensino médio, ele já vendia um aparelho ilegal para fazer ligações telefônicas sem pagar nada. Aliás, seu parceiro de contravenção também estava na garagem que criou a Apple. A pedagogia que se tem aqui é simples: quanto mais experiências se oferecem aos jovens maior a chance de que eles descubram seus talentos e saibam como gerenciá-los. É a provocação permanente da curiosidade. Aí está o valor da classe mundial lançada pelo professor Sebastian, mostrando que todo e qualquer espaço pode instigar a curiosidade. "A única coisa que me manteve no caminho foi gostar do que eu fazia. Cada um precisa descobrir do que gosta", aconselhou Jobs numa cerimonia de formatura de universitários. Era a primeira vez que Jobs era convidado a falar numa formatura. Só podia, claro, ser em Stanford, onde não estudou, mas, de certa forma, espiritualmente foi graduado. PS- Naquele discurso, Jobs disse frases para a gente pendurar na porta da geladeira para sempre. Uma delas: "Ninguém quer morrer. Mesmo aqueles que estão convencidos de que vão para o paraíso". |
9 de outubro de 2011
Gilberto Dimenstein: Voce não daria nada por Jobs
Postado por
jorge werthein
às
11:20
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