22 de outubro de 2011

Investimentos em tecnologia crescem menos no Brasil





Recursos das maiores companhias do país devem ser de R$ 59,8 bi, mas alta de 7% será menor que a de 2010

Software e hardware são as áreas mais afetadas, sobretudo entre as multinacionais prejudicadas pela crise

CAMILA FUSCO
DE SÃO PAULO

Os investimentos em software, hardware e serviços, que cresciam a taxas de 12% até um ano atrás no Brasil, desaceleraram-se em 2011.
Segundo levantamento da consultoria E-Consulting obtido pela Folha, as mil maiores companhias do país, de diversos setores, devem encerrar o ano com R$ 59,8 bilhões aplicados em projetos de tecnologia.
O volume é positivo e representa elevação anual de 7%, mas significa quase a metade do percentual de crescimento registrado até 2010.
"O estudo mostra que as empresas vão continuar investindo, mas o gasto relativo será menor principalmente entre as multinacionais", diz Daniel Domeneghetti, sócio da E-Consulting.
A contenção nos investimentos das principais companhias estrangeiras -inclusive dos bancos, que são o setor de maior peso em despesas com tecnologia- está relacionada à instabilidade dos mercados mundiais.
"Apesar de o Brasil estar na pauta da maioria das múltis, a crise trouxe a cautela nos investimentos de tecnologia e há o risco de o orçamento não ser aprovado como se previa em 2012", diz.

ÁREAS DE CORTE
Entre as divisões que mais tiveram redução no espaço do orçamento das empresas estão software e hardware.
Os gastos com sistemas de informação, que cresceram 13,7% em 2010 na comparação com o ano anterior, devem subir 6% neste ano. O volume total investido será de R$ 11,5 bilhões.
Equipamentos como servidores, computadores e outros aparelhos de redes devem movimentar R$ 22,6 bilhões, repetindo o percentual modesto do software.
"Projetos que envolvem serviços de computação em nuvem e virtualização de redes, que permitem a substituição da infraestrutura pela contratação de serviços que tenham os mesmos resultados, no entanto, devem continuar na pauta", afirma.
A recuperação deverá vir somente a partir de 2013.

COMPETIÇÃO ASIÁTICA
Uma disputa velada pelos investimentos das matrizes que pode render menos verba para o Brasil vem da Ásia.
Um estudo da consultoria britânica Ovum -que se concentrou na área financeira- mostra que é crescente a fatia de recursos destinados para projetos de tecnologia na China, em Hong Kong e em Cingapura.
Estão incluídas no trabalho empresas que atuam na área de mercados de capitais, como instituições financeiras e fundos de investimento.
Segundo a Ovum, essas regiões são consideradas fundamentais por sua influência econômica crescente. Os investimentos em tecnologia devem acompanhar a relevância das operações no continente com uma certa folga.
Em jogo estarão investimentos de US$ 90 bilhões em tecnologia até 2015, que deverão ser disputados pelas regiões com maior potencial de negócios, entre elas a América Latina.

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