06 de outubro de 2011
Educação e Ciências | Jornal do Comércio RS | Geral | RS
"A juventude em Porto Alegre é a que mais sofre com a falta de uma educação de qualidade, emprego, saúde e acesso a cultura e lazer." Para Ana Lúcia Velho, estudante de Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e diretora do Movimento Universitário da União Nacional dos Estudantes (UNE), as políticas públicas para os jovens precisam ser fortalecidas na Capital.
"Chega de deixar o jovem em segundo plano. Queremos ser ouvidos sobre temas como educação, trabalho e cultura", comenta. Ela participou ontem da 2ª Conferência Municipal da Juventude de Porto Alegre, realizada na Casa do Gaúcho, no Parque da Harmonia, e promovida pela Secretaria Municipal da Juventude (SMJ). Com o tema Conquistar Direitos, Desenvolver @Nossa Poa, o evento reuniu cerca de mil estudantes da Capital.
Segundo Ana, a prefeitura de Porto Alegre perdeu verbas para a construção da Praça da Juventude por falta de apresentação de um projeto. "Essa atitude demonstra que o jovem não está no centro do debate na cidade", lamenta. Além disso, a estudante criticou os casos de corrupção relacionados ao ProJovem na Capital.
Para os alunos Roberto da Silva e Brenda Lopes, da Escola Estadual Raul Pilla, é fundamental que os jovens sejam incluídos para que consigam crescer junto com o Estado e o País. "Temos que ter acesso a cultura, emprego e educação de qualidade", comenta Silva. Já Brenda destaca que a juventude não pode ser esquecida quando da elaboração dos programas governamentais. "Falam do jovem na campanha eleitoral, mas esquecem das suas promessas quando assumem o poder", acrescenta.
O titular da SMJ, Luizinho Martins, disse que as propostas relacionadas a educação, emprego, cultura e saúde serão levadas para debate na Conferência Estadual da Juventude, que acontece nos dias 4, 5 e 6 de novembro, em Porto Alegre. Segundo Martins, pesquisas realizadas com jovens do Ensino Fundamental e Médio da rede municipal e estadual mostraram uma preocupação com a educação e emprego. "Identificamos a necessidade de projetos voltados para a inclusão do estudante no mercado de trabalho e de uma educação de qualidade", acrescenta. De acordo com Martins, as "reivindicações dos jovens precisam ser ouvidas tanto em âmbito municipal quanto em nível estadual e federal".
Por esse motivo, o presidente da União Estadual dos Estudantes (UEE), Arthur da Veiga, defendeu no encontro a criação da Secretaria Estadual da Juventude pelo governo Tarso Genro. No final do mês de novembro, os estudantes gaúchos participam da Conferência Nacional da Juventude, em Brasília.
Câmara dos Deputados aprova Estatuto da Juventude
Depois de um grande embate, a Câmara dos Deputados aprovou ontem o Estatuto da Juventude. O texto, que segue para análise do Senado, considera como jovens todas as pessoas com idade entre 15 e 29 anos.
Um dos pontos do documento prevê a meia-entrada para os estudantes nessa faixa etária em eventos de natureza artístico-cultural, de entretenimento e lazer, em todo o território nacional. Hoje, leis que regem a meia-entrada são estaduais, e não federais.
A possibilidade gerou polêmica por poder entrar em atrito com a Fifa sobre o valor do ingresso nos jogos da Copa de 2014. Relatora do projeto, a deputada gaúcha Manuela D'Avila (PCdoB) disse que o texto não é apenas para a competição. "Para o Mundial, especificamente, vai ter uma Lei Geral da Copa, aqui estamos tratando de uma coisa mais ampla", disse a deputada.
O jovem terá o direito também de pagar 50% do valor dos transportes intermunicipais e interestaduais, "independentemente da finalidade da viagem", de acordo com a legislação dos Estados e municípios. "Criaremos subsídios estaduais e municipais para isso", afirmou Manuela.
Outro ponto que gerou polêmica foi o que trata da propaganda de bebidas alcoólicas. O texto aprovado proibiu esse tipo de propaganda em políticas de atenção à saúde do jovem.
O presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Daniel Iliesco, observa que, com a aprovação do texto no Senado, será possível abrir um novo patamar de políticas públicas para o País. "Hoje são mais de 50 milhões de jovens que podem ser beneficiados", afirma.
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