RIO DE JANEIRO - O menino de dez anos, aluno da 4ª série de uma escola em São Caetano do Sul (Grande São Paulo), que feriu a professora e se matou dando um tiro na cabeça com uma arma que pertencia a seu pai, entrou no noticiário cinco meses depois do rapaz de 23 anos que voltou à sua escola em Realengo (zona Oeste do Rio) e disparou contra uma turma, matando 12 alunos, de 12 a 14 anos, e também se matando em seguida.
Um caso não supera o outro, apenas o substitui no noticiário. E histórias com potencial parecido de tragédia seguem acontecendo. Eis algumas da semana passada.
Numa escola de Belo Horizonte (MG), um aluno de 11 anos foi flagrado com um revólver 38, por sorte, descarregado. Em outra escola, esta de Ribeirão Preto (313 km de SP), um garoto de seis anos foi apanhado com uma faca na mochila. Segundo disse à diretora, a arma lhe foi dada por sua mãe, "para que se defendesse", não se sabe de quem.
Também em Ribeirão Preto, o boato sobre um tiroteio numa escola local fez com que os pais de mais de 200 alunos corressem até lá, desesperados, para tentar salvar seus filhos. Ao chegar, souberam que não havia tiroteio -pelo menos, a PM assim lhes garantiu. Mas o fato de ter corrido esse rumor já indica uma anormalidade.
Em ainda outra escola, em Praia Grande (litoral de São Paulo), uma pistola semiautomática 365, com capacidade para sete tiros, foi encontrada entre as coisas de uma menina de 14 anos. Pelo que se apurou, no entanto, a arma pertenceria a um seu colega, de 15 anos, já suspeito no passado de envolvimento com o tráfico, ou a outro de 16, também já acusado de roubo.
Freud foi o primeiro a dizer que não existiam crianças inocentes. Mas nossos meninos estão sendo convocados cedo demais a fazer o papel de culpados.
Nenhum comentário:
Postar um comentário