Editorial - Folha de São Paulo
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O resultado dos cinco anos da guerra contra as drogas no México reforça os perigos de empregar os militares no combate ao crime.
O Brasil, onde não faltam apologistas de intervenções militares permanentes, deveria tomar como alerta a experiência mexicana.
A violência no país norte-americano é epidêmica, com um saldo de 40 mil mortos desde 2006 -mais de 15 mil apenas no ano passado. É bem verdade que a maior parte dos homicídios se dá entre os próprios bandidos, e apenas 3% dos municípios concentram dois terços dos crimes.
Mas a guerra contra o tráfico de drogas não está restrita a focos de violência. Em agosto, um cassino foi incendiado, à tarde, em Monterrey, deixando 52 mortos.
O conflito também teve efeito nefasto sobre a imprensa mexicana, que pratica autocensura na tentativa de poupar a vida de seus profissionais. Até comentários em redes sociais levaram a ameaças e assassinatos contra jornalistas nos últimos dias.
A entrada do Exército no combate aos traficantes trouxe várias consequências deletérias. A incapacidade de domar a violência levou à percepção de que o problema do crime é insolúvel. Se nem os militares foram capazes de colocar ordem na situação, o Estado estaria, irremediavelmente, à mercê dos criminosos.
Outro ponto negativo é a contaminação das Forças Armadas, entidade que em última instância deve garantir a soberania do país. O contato prolongado dos militares com os criminosos leva a casos de desvios. Em um exemplo recente, 13 soldados foram presos sob acusação de envolvimento com o tráfico -carregavam 30 kg de cocaína e uma tonelada de anfetamina.
O tema da guerra ao tráfico será central na eleição presidencial, marcada para julho do ano que vem. Isso apesar do bom desempenho recente da economia do país, que cresceu 5,5% no ano passado.
A tragédia produzida pelo narcotráfico no México, vale lembrar, não se explica sem os EUA. Há décadas as políticas de Washington privilegiam a repressão fora de suas fronteiras e os investimentos para evitar a entrada de narcóticos no país, enquanto a máquina de consumir drogas acima do rio Grande não dá mostras de arrefecer.
O resultado dos cinco anos da guerra contra as drogas no México reforça os perigos de empregar os militares no combate ao crime.
O Brasil, onde não faltam apologistas de intervenções militares permanentes, deveria tomar como alerta a experiência mexicana.
A violência no país norte-americano é epidêmica, com um saldo de 40 mil mortos desde 2006 -mais de 15 mil apenas no ano passado. É bem verdade que a maior parte dos homicídios se dá entre os próprios bandidos, e apenas 3% dos municípios concentram dois terços dos crimes.
Mas a guerra contra o tráfico de drogas não está restrita a focos de violência. Em agosto, um cassino foi incendiado, à tarde, em Monterrey, deixando 52 mortos.
O conflito também teve efeito nefasto sobre a imprensa mexicana, que pratica autocensura na tentativa de poupar a vida de seus profissionais. Até comentários em redes sociais levaram a ameaças e assassinatos contra jornalistas nos últimos dias.
A entrada do Exército no combate aos traficantes trouxe várias consequências deletérias. A incapacidade de domar a violência levou à percepção de que o problema do crime é insolúvel. Se nem os militares foram capazes de colocar ordem na situação, o Estado estaria, irremediavelmente, à mercê dos criminosos.
Outro ponto negativo é a contaminação das Forças Armadas, entidade que em última instância deve garantir a soberania do país. O contato prolongado dos militares com os criminosos leva a casos de desvios. Em um exemplo recente, 13 soldados foram presos sob acusação de envolvimento com o tráfico -carregavam 30 kg de cocaína e uma tonelada de anfetamina.
O tema da guerra ao tráfico será central na eleição presidencial, marcada para julho do ano que vem. Isso apesar do bom desempenho recente da economia do país, que cresceu 5,5% no ano passado.
A tragédia produzida pelo narcotráfico no México, vale lembrar, não se explica sem os EUA. Há décadas as políticas de Washington privilegiam a repressão fora de suas fronteiras e os investimentos para evitar a entrada de narcóticos no país, enquanto a máquina de consumir drogas acima do rio Grande não dá mostras de arrefecer.
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