2 de outubro de 2011

Um quadro que assusta : a violencia na área escolar


02 de outubro de 2011
Educação no Brasil | Diário de Pernambuco | PE

A violência, nas suas complexas manifestações, atinge agora a área escolar, esboçando um problema de extrema gravidade, que requer urgentes providências do poder público. Sabemos todos, pelo que ocorre no nosso dia a dia, que a violência sempre assusta. Mas, se praticada contra crianças, choca. Pior: se por criança, apavora. Duas tragédias ocorridas em pouco mais de quatro meses aterrorizaram os brasileiros. Em abril, ex-aluno entrou pela porta da frente da Escola de Realengo, no Rio de Janeiro, e disparou contra estudantes dentro da sala de aula. Onze morreram, 13 ficaram feridos. O assassino se suicidou. Tempos depois, outro horror não menos chocante, tendo por cenário uma escola do estado de São Paulo. Menino de 10 anos, aparentemente sem problemas familiares, de relacionamento ou de aprendizagem, pegou a arma particular do pai (um guarda civil), atirou na professora e pôs fim à vida. Uma tragédia difícil de explicar, mas que provocou um impacto enorme na opinião pública, em face das pessoas envolvidas na lamentável ocorrência, que se verificou na escola municipal Alcina Dantas Feijão, na cidade de São Caetano do Sul.
Aliás, são dois casos extremos que tiveram cenário semelhante. A escola serviu de palco de dramas não adivinhados e, por isso, difíceis de prevenir. Podem-se exigir detectores de metais nas entradas. A providência talvez dificulte o ato extremo. Mas, certamente, não impedirá que ele se concretize fora dos muros da instituição. O noticiário tem mostrado com indesejável frequência agressões a estudantes e professores nas proximidades de colégios públicos e particulares. Entretanto, alguma coisa tem que ser feita pelo poder público. É importante salientar outro aspecto dessa situação constrangedora. Meninos e meninas, impossível desconhecer, vivem hoje numa sociedade que explora e não raramente glamoriza a violência, através principalmente da televisão e do cinema.
A rua, antes espaço de brincadeiras, passou a representar área de risco. O perigo obriga crianças, em vez de conviver com os vizinhos, a se refugiarem diante da tevê ou do computador. Jovens se organizam em gangues para atacar os grupos rivais. O consumo de drogas, que se alastra assustadoramente, faz os reféns do tráfico buscarem a satisfação do vício a qualquer preço. Famílias desestruturadas, muitas vezes pela presença de drogas em mão dos seus integrantes, deixam de transmitir valores capazes de frear os instintos. Pesquisa recente, realizada em 27 capitais do país, envolvendo 50.890 estudantes, revelou um dado gravíssimo: 54,9% dos alunos matriculados na rede privada já fizeram uso de psicotrópicos, caindo esse percentual para 40,3% na rede pública. O levantamento demonstra que jovens de 16 a 18 anos constituem grupos de risco, predominando nesse ambiente a maconha, a cocaína e o crack.
É oportuno salientar que nesse explosivo caldo de cultura, que envolve diferentes áreas do país, um tópico que merece atenção especial, em face de tão preocupante panorama, é a facilidade com que se pode adquirir armas no Brasil. Isso exige legislação mais rigorosa, que dificulte o acesso dos jovens a tal comércio. Hoje muitos e muitos jovens andam armados em consequência dessa facilidade a que nos referimos. Andam armados para cometer crimes ou para conquistar prestígio no grupo de que fazem parte. A vida, assim, se banalizou. Roubá-la custa pouco. É o que comprovam as tragédias de Realengo e de São Caetano. O país tem que reverter essa situação, buscando restabelecer dentro da escola a necessária tranquilidade que o aprendizado requer.

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