21 de janeiro de 2012

Juventude, crise econômica e formação para o trabalho

21 de janeiro de 2012
Educação no Brasil | Correio Braziliense | Opinião | BR




» ELIEZER PACHECO
Professor da Universidade Federal de Santa Maria/RS, é historiador, pesquisador e secretário de Ensino Profissional e Tecnológico do MEC


Em 2012, o Brasil sediará o II Fórum Mundial de Educação Profissional e Tecnológica, evento que ocorrerá em Florianópolis (SC) entre maio e junho próximos. O fórum é temático, explora as relações entre a educação e o mundo do trabalho. Trata-se de reunião com o objetivo de trocar experiências e discutir os rumos da educação profissional e tecnológica nos países participantes e em comunidades específicas como periferias urbanas.

A crise internacional do capitalismo está levando, rapidamente, a mudança de configuração nos arranjos produtivos locais e internacionais, alterações que têm contribuído para mudar os países dinâmicos no concerto das nações. Agravando o quadro, a disseminação da informática, da robótica e da nanotecnologia e a marginalização de contingentes de trabalhadores sem especialização ou escolaridade. Assim, o II Fórum Mundial de Educação Profissional e Tecnológica mostra-se momento e local privilegiado para reflexões e debates.

O evento nos remete ao ano de 2009, quando o Ministério da Educação e a Secretaria de Ensino Profissional e Tecnológico/Setec organizaram o primeiro Fórum Mundial, em Brasília, com a presença de 15 mil especialistas, pesquisadores, estudantes e palestrantes de diversas nacionalidades. Nossa expectativa é que a capital catarinense reúna, entre 28 de maio e 1° de junho, público semelhante ao que tivemos em 2009. A começar do tema - democratização, emancipação e sustentabilidade - esperamos contribuir para a disseminação de debate que conquiste importante espaço na agenda pública no vizinho Mercosul e nos países parceiros da Europa, Ásia e África.

A formação técnica fabril nos remete ao conceito educação-bancária de que falava Paulo Freire, criticando a automação na educação. A educação profissional é estratégica, é mais que qualificar mão de obra para preencher postos de trabalho em indústrias, comércio e serviços, e manter o ciclo de produção. O estudante que o Brasil almeja formar é interdependente: cidadão que ingressa no mundo do trabalho com referências de outras culturas e sociedades.

A formação cidadã é um dos objetivos-chave da educação em quaisquer de suas modalidades. Nesse conceito, o ensino profissional e técnico (EPT) participa do desenvolvimento socioeconômico regional e incorpora o ensino na vida de brasileiros em situação de vulnerabilidade social. Educação profissional é educação e, por meio dela, um mercado de trabalho. É a conquista de identidade, mas também é a construção de projeto de desenvolvimento do Brasil.

Nos últimos anos, o governo federal desenvolveu ações consistentes para a expansão das escolas públicas: ampliou e democratizou o acesso ao ensino básico e à especialização, fortaleceu o ensino profissional ofertado por escolas públicas, estaduais, municipais e filantrópicas, incorporou o sistema S (Senai, Senac, etc.) a esse processo. Já na rede federal de educação profissional, científica e tecnológica, passou de 140 escolas técnicas (2002) para mais de 400 (2010), dobrando o número de matrículas. Em outubro de 2011, o ensino profissional passou a contar com o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e ao Emprego (Pronatec), são mais R$ 24 bilhões em investimentos e mais 8 milhões de alunos, jovens e trabalhadores, até 2014.

Nos últimos oito anos, o ensino profissional e tecnológico permitiu ao Brasil avançar um pouco mais em direção ao projeto de nação de que precisamos: um governo democrático, com justiça social. As iniciativas do Brasil mostram que temos o que compartilhar com nossos parceiros. E esse é exatamente o objetivo do II Fórum Mundial de Educação Profissional e Tecnológica: trocar experiências bem-sucedidas, transformar resultados em novas práticas e excelências, desenvolver a formação profissional aliada à cultura crítica e à consciência ambiental. De tal forma, que a emancipação do indivíduo se dê pelo exercício de conhecimento que constrói cidadãos, que alteram realidades.

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