18 de julho de 2012

SP: queda de homicídios se deve à hegemonia de facção criminosa


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SÃO PAULO - A queda nos índices de homicídios de crianças e adolescentes em São Paulo é apontada por especialistas em violência como resultado de uma combinação de fatores. Alguns são previsíveis, como o aumento de investimento ao longo dos últimos dez anos na estrutura policial e em redes de proteção à criança e ao adolescente. Mas, para alguns estudiosos, há também uma causa perversa: a hegemonia de uma facção criminosa.
Dados do Mapa da Violência 2012 mostram que São Paulo teve a maior queda nos homicídios entre 2000 e 2010 no país. No estado, a redução foi de 76,1%, e no município, de 85,2%.
Resultados bem-sucedidos na área de segurança pública nunca são decorrentes de uma única causa, destaca o gerente de Projetos do Instituto São Paulo Contra a Violência, Mario Vendrell. Para ele, o investimento feito nas últimas décadas para aparelhar melhor as polícias e estruturar serviços de atendimento a crianças e adolescentes em situação vulnerável foi decisivo para a melhora dos indicadores.
— Grande parte dos homicídios ocorre no círculo familiar, onde as crianças são o lado mais vulnerável. Eu destacaria como uma ação importante uma melhor organização das redes de proteção à criança e ao adolescente, como conselhos tutelares e assistência social. Eles ajudam a detectar situações de risco e acabam funcionando preventivamente — afirmou.
Ex-secretário nacional de Justiça e atualmente professor de Violência e Crimes Urbanos da Fundação Getulio Vargas (FGV), Pedro Abramovay vê na redução das taxas de homicídios de crianças e adolescentes a hegemonia de uma organização criminosa em São Paulo. Segundo ele, é o que se chama na literatura sobre segurança pública de “pax mafiosa”.
— Uma organização criminosa detém o comando do crime organizado em uma região. Essa organização não tem seu poder ameaçado por outras organizações. Não há disputa por território. É o que ocorre em São Paulo — diz Abramovay.
Professor da Uerj e consultor para estatísticas do Programa de Redução da Violência Letal contra Adolescentes e Jovens, Ignacio Cano também considerou a questão uma das causas do fenômeno paulista.
— O monopólio do crime organizado permite uma redução da violência. Isso pode ser um dos fatores que levaram à queda dos índices.

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