Dos acusados militares, 70% seriam oficiais
Duas pesquisadoras se debruçaram sobre as listas divulgadas por militantes e pela imprensa de esquerda contendo nome dos supostos torturadores que atuaram no regime militar. A pesquisa ainda está no começo, mas já deixou claro que a maioria pertencia ao Exército, e eram principalmente oficiais.
"Partindo do universo das 1.263 pessoas encontradas no conjunto das listas, excluídas as repetições, temos 33% (416) civis, 55,7% (704) militares e 11% (142) cujo estatuto é desconhecido", dizem elas em estudo preliminar divulgado no 36º Encontro Anual da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs). O estudo está disponível no site da entidade.
Mariana Joffily é professora de história da América da Universidade do Estado de Santa Catarina; Maud Chirio ensina história na Universidade de Marne la Vallée (França).
Entre 1976 e 1979, listas de "agentes repressivos" que teriam participado de torturas foram criadas por oposicionistas e publicadas no jornal alternativo "Em Tempo".
Outra lista detalhada foi extraída dos processos da Justiça Militar pelos responsáveis pelo projeto "Brasil: Nunca Mais".
Segundo elas, os dados comprovam a tese da militarização das atividades repressivas. "Enquanto a repressão era, antes de 64, essencialmente civil, nas mãos da Polícia Civil e do Dops [Departamento de Ordem Política e Social], os quartéis se tornam um espaço central desta."
Entre os militares, 64% são do Exército, 6% da Aeronáutica, 8% da Marinha e 15% das polícias militares; 70% dos militares dos quais a patente é conhecida são oficiais.
Uma das conclusões é particularmente danosa à imagem do Exército: "O número de militares denunciados como torturadores é extremamente reduzido em comparação com os efetivos das Forcas Armadas da época. Quando se trata, porém, somente da oficialidade do Exército, a proporção começa a ser significativa, situando-se entre 5% e 10%".
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