7 de julho de 2010

O homem bicentenário

Muita gente de prestígio já figurou na capa da revista Time como homem ou mulher do ano. Mas Albert Einstein (1879-1955) mereceu destaque como "a personalidade do século" - no caso, o século 20. No último dia de dezembro de 1999, a publicação norte-americana estamparia em sua capa foto do cientista alemão e traria páginas e páginas sobre a vida e a obra dele. Era uma forma de homenagear o homem que revolucionou a física e tanta influência exerceu sobre diversas outras áreas. E era também uma maneira de sublinhar a relevância da ciência para o século que se encerrava e, conseqüentemente, para aquele que estava se iniciando.
Assim a Time justificou sua escolha: "Em um século que será lembrado antes de tudo por sua ciência e sua tecnologia - em particular por nossa capacidade de entender e explorar as forças do átomo e do universo -uma pessoa se destaca como a mente mais brilhante e o ícone supremo de nossa era: o gentil e distraído professor cuja cabeleira desgrenhada e brilhantismo extraordinário fizeram de seu rosto um símbolo e de seu nome um sinônimo de gênio: Albert Einstein." Dez anos depois, já em um novo milênio, nota-se que a ciência avança a passos ainda mais largos. O legado de Einstein continua a propagar-se e a render frutos. Não poderia ser diferente. O gênio alemão revolucionou nada menos que os conceitos de espaço e tempo. Sua Teoria da Relatividade Especial, de 1905, estremeceu as bases da física de Isaac Newton (1643-1727). Uma década mais tarde, sua Teoria da RelatividadeGeral viria a chacoalhar também a teoria da gravitação newtoniana.

As descobertas e revelações de Einstein encontraram respaldo na comunidade científica da época, depois que esta, evidentemente, as submeteu a rigorosos exames. O prestígio intelectual catapultaria o cientista alemão, radicado nos Estados Unidos, à constelação das celebridades mundiais. Para sempre.

É curioso observar, no entanto, que a fama de Einstein não tem correspondente no entendimento popular de sua ciência. O leigo, como é natural, não se sente à vontade com equações matemáticas e raciocínios que envolvem matéria, energia, velocidade da luz.

Não por acaso, o genial comediante Charles Chaplin (1889-1977) teria feito ao próprio Einstein o seguinte comentário: "As pessoas me aplaudem porque elas me entendem e aplaudem você porque ninguém o entende".

Mas como despertar no leigo, sobretudo em crianças e jovens, curiosidade e maior compreensão sobre o mundo da ciência quando o mundo do entretenimento utiliza mais recursos para seduzi-lo? Exposições como "Eins te i n", que entra em cartaz em Vitória nesta semana, são uma forma de resposta e um esforço sincero para atender ao desejo do próprio cientista, que teria afirmado certa vez, a propósito da complexidade matemática da relatividade: "Todas as teorias físicas, independentemente de sua expressão matemática, devem se prestar a uma descrição simples, que até uma criança possa entender".

Ben Sangari

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