19 de setembro de 2011 Educação no Brasil | Correio Braziliense | Opinião | BR VISÃO DO CORREIO Se nenhuma corrente é mais forte que seu elo mais fraco, a sociedade brasileira tem hercúleo desafio pela frente. Trata-se de democratizar as oportunidades para reduzir o hiato existente entre negros e brancos. Estudo da ONU apresentado na Comissão de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados expõe realidade preocupante. Em 10 anos, negros e pardos tiveram mais acesso à educação e à saúde. Mas estão distantes dos índices alcançados pelos brancos. O Relatório das Desigualdades Raciais no Brasil 2009-2010 exibe um retrato da população no qual os traços revelam contornos desarmoniosos. Nele, os desníveis ganham relevo. Muitas vezes aparecem disfarçados, mas nem por isso invisíveis. Os aspectos destacados no texto são chave no processo de redução da pobreza, mas, com a evolução lenta, contribuem para perpetuar as condições perversas que o país exibe desde as Capitanias Hereditárias. A educação abre a porta da ascensão social. Segundo a Fundação Getulio Vargas, cada ano de estudo significa aumento de 15% no salário do trabalhador. Sociedade globalizada como a nossa tem exigências crescentes de sofisticação. Bons empregos são disputados por profissionais cada vez mais qualificados. Os melhores ganham a vaga. Os outros não têm saída. Precisam se conformar com ofertas medíocres que os obrigam a manter a mediocridade trilhada pelos antecedentes e, com muita probabilidade, pelos descendentes. É o preço pago pela baixa qualidade do ensino público. Os negros e pardos, parcela mais pobre da população, frequentam as instituições mantidas pelo governo. Os brancos que podem pagar colégios privados estudam mais e melhor. O resultado do Enem divulgado na semana passada deixou claro o abismo que distancia uns dos outros. O afastamento não se observa só na escola. Aprofunda-se ao longo da vida. Estatísticas, como demonstra o relatório, camuflam realidades particulares. É o caso dos dados da pré-escola. Hoje, 6,4% das crianças com 6 anos estão fora das salas de aula. Desse total, 4,8% são brancas; 7,5%, negras e pardas. A desvantagem se observa nos demais níveis. Vale o exemplo da taxa de adequação, que avalia se o estudante está na série indicada para a idade. Nada menos que 34% dos jovens de 15 a 17 anos não correspondem ao exigido: 26,2% são negros e pardos; 20,1%, brancos. Os dados do relatório, embora sejam inquietantes, apresentam pontos positivos e apontam rumos. As políticas de igualdade racial têm acertos, mas são tímidas diante de realidade tão desafiadora. Impõe-se aprofundá-las. De um lado, ampliando o leque de ofertas. De outro, melhorando-lhes a qualidade. |
19 de setembro de 2011
Pobreza racial
Postado por
jorge werthein
às
07:46
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