Editoriais editoriais@uol.com.br O presidente do Chile, o liberal-conservador Sebastián Piñera, decidiu dobrar a aposta em seu confronto com os estudantes que protestam sem trégua contra seu governo desde maio. Elaborou projeto que prevê três anos de prisão para invasões de instituições como escolas e universidades -a tática preferida pelos estudantes, que já fizeram mais de 200 ocupações. A proposta também enrijece as penas para saques e agressões contra policiais e proíbe manifestantes de cobrir o rosto. A vitória de Piñera no início de 2010, pela Renovação Nacional, representou o fim de 20 anos de domínio da Concertación, a coalizão de socialistas e democratas-cristãos que governou o país após a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990). A aprovação ao presidente ronda os 30%, o pior índice em 40 anos. Esse revés não se traduz, no entanto, em ganhos imediatos para a oposição, que se sai ainda pior em pesquisas e foi incapaz de fazer o sucessor de Michelle Bachelet -apesar de ela ter concluído seus quatro anos de mandato com 80% de aprovação popular. O Chile veda a reeleição presidencial. Piñera aposta no cansaço da população diante das manifestações renitentes que agitam a nação de 17 milhões de habitantes. Os estudantes protestam principalmente contra o modelo universitário instituído no regime Pinochet, que exige pagamento -cursar a Universidade do Chile, que é pública, custa em torno de US$ 8.000 (R$ 15 mil) por ano. Para financiar seus estudos, cerca de 40% dos egressos saem endividados. Em rankings internacionais, as principais universidades chilenas têm desempenho próximo ao das brasileiras -muito distante da elite mundial. As manifestações dos estudantes ganharam apoio de vários setores insatisfeitos, como sindicalistas e ambientalistas. Ao endurecer as punições, Piñera procura acenar para o público que até concorda com as reivindicações, mas está farto dos tumultos. A economia deve ser um trunfo do presidente na tentativa de superar o quadro adverso. Em 2010 o PIB cresceu 5,2%, e neste ano a expectativa é de aceleração, para 6,5%, liderada pelo vigor das receitas do cobre, o principal produto exportado. A queda de braço com grupos ligados à esquerda e à oposição, contudo, não deixa de ser uma via arriscada para os conservadores chilenos, que buscam, com o empresário Sebastián Piñera, fixar-se como alternativa democrática e moderna após o trauma de uma ditadura sanguinária. |
6 de outubro de 2011
Chile: A ofensiva de Piñera
Postado por
jorge werthein
às
07:08
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