1 de outubro de 2011

União de vozes pela paz nas escolas



01 de outubro de 2011
Educação no Brasil | Correio Braziliense | Brasil | BR
EDUCAÇÃO

Segundo especialistas, o fortalecimento de conselhos compostos por pais, alunos e professores pode reduzir a violência nas salas de aula. A maior dificuldade, no entanto, é interagir a comunidade em unidades do ensino médio
PAULA FILIZOLA
ESPECIAL PARA O CORREIO

Mais diálogo entre pais, alunos e professores, dizem especialistas, é a melhor forma de prevenir tragédias como o massacre na escola de Realengo (RJ), que deixou 12 mortos em abril deste ano, e a tragédia recente em São Caetano do Sul (SP), onde um menino de 10 anos baleou a professora e se matou. Os conselhos escolares surgem desta filosofia: aumentar a interação entre quem está dentro da escola e quem tem ligação com ela. E o desafio é grande. Só na última semana pelo menos quatro casos envolvendo a presença de armas em unidades de ensino foram registrados no país (veja quadro).
"Os pais, a comunidade e os alunos podem se articular e se mobilizar para discutir essa realidade de forma coletiva. É um ganho", acredita Cefiza Aguiar, que, desde 2006, trabalha com o fortalecimento da gestão democrática nas escolas de Fortaleza. Para a diretora de Apoio à Gestão Educacional do Ministério da Educação (MEC), Maria Luiza Martins Aléssio, a parceria pode surtir efeitos principalmente em áreas de maior vulnerabilidade social.
Durante esta semana, especialistas em educação se reuniram no III Encontro Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares, realizado pela Secretaria de Educação Básica, órgão do MEC. O tema integra as metas do Plano Nacional de Educação (PNE), projeto de diretrizes do ministério para a elaboração das políticas educacionais do país até 2020. "Um gestor escolar, mesmo que seja eficiente, não dá conta de comandar sozinho um projeto pedagógico de qualidade. É bom poder compartilhar ideias", avalia Maria Luiza.
À frente da direção da Escola Parque 303/304 Norte, em Brasília, o diretor Everaldo Mendonça se orgulha de comandar um conselho escolar atuante. "Tivemos um problema sério com pichadores e uma época de brigas. As soluções vieram a partir de debates no conselho e com os alunos. Acredito que a força dos conselhos está no fato de que instituem igualdade para todos. Dão voz a todos."
A falta de participação dos pais, principalmente de alunos do ensino médio, é percebida como um dos maiores problema dos conselhos hoje. "Todo mês, convocamos reuniões, mas não temos quórum. Acredito que o pai no ensino médio passa a responsabilidade para o filho e não participa da vida escolar", avalia Valmir Amorim da Silva, diretor de um colégio público na Asa Norte, em Brasília.
Na opinião do cientista político e diretor executivo da organização Agenda Pública, Sergio Andrade, outra ameaça à evolução dos conselhos é que, muitas vezes, eles se reúnem sem diretrizes, o que dificulta a formulação de propostas concretas.

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