21 de junho de 2012

KENNETH MAXWELL, Conferências de cúpula



Esta semana testemunhou duas conferências de cúpula. Os líderes do G20 se reuniram em Los Cabos, no México, e a conferência Rio+20 está em sessão no Brasil. Ao que parece, nenhuma delas produzirá muito progresso, quer em termos de economia internacional, quer quanto ao futuro ambiental do planeta. Posso estar errado quanto às duas coisas. E espero estar. Mas os prognósticos não são favoráveis.

O encontro do G20 se transformou em uma reunião sobre "vamos criticar Angela Merkel". O presidente Obama aderiu ao coro de queixas de que a crise do euro é inteiramente culpa da Alemanha. É como culpar o credor pelas dívidas do devedor. Pena que as coisas não sejam tão simples.
Não é irracionável que os alemães esperem que gregos, portugueses, espanhóis e italianos paguem o dinheiro que tomaram emprestado. O problema é que a democracia na Europa continua a ser nacional, e os alemães não favorecem novos resgates pelos quais terão de pagar no fim. Merkel não tem liberdade de ação.
Mas sempre há dois lados em qualquer situação. A origem do problema está na velha história de expansão e contração, de captação excessiva lastreada por valores imobiliários inflacionados, sobretudo na Espanha. O valor desses imóveis despencou, o que expõe os bancos e torna necessário que os contribuintes os resgatem; será preciso, portanto, muito mais que uma arisca união fiscal da zona do euro.
Os EUA também precisam tomar jeito. A eleição presidencial americana só está servindo para adiar o problema. Como um frustrado presidente europeu, José Manuel Durão Barroso destacou zangadamente em Los Cabos que a crise começou originalmente no setor financeiro dos EUA.
A Rio+20 também enfrenta impasses embaraçosos sobre questões fundamentais. Obama, Merkel e o primeiro-ministro britânico, David Cameron, não participarão. Mas o presidente Ahmadinejad, do Irã, sim, bem como o presidente francês, François Hollande, e o presidente russo, Vladimir Putin. Os países "ricos" têm pouco a oferecer.
A Colômbia promove o programa Metas de Desenvolvimento Sustentável, muito mais modesto que as promessas grandiosas feitas 20 anos atrás. Marina Silva, enquanto isso, pediu que ONGs, povos indígenas, ativistas dos direitos humanos e grupos femininos montem um acampamento no parque do Flamengo e criem uma nova praça Tahrir no Rio. Mas o Egito conquistou uma democratização muito ambígua, após as promessas de 2011. Lamento que as coisas não sejam diferentes.
Como Neville Chamberlain descobriu em Munique em 1938, promessas feitas em conferências de cúpula nem sempre são o que parecem.
KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras nesta coluna.

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