Folha de S.Paulo, 5/6/2012
O momento mais intenso de cobertura na preparação da Rio+20 se deu em torno da decisão de Dilma Rousseff sobre o Código Florestal.A campanha pelo veto integral vazou dos perfis e sites das ONGs ambientalistas para a imprensa. Um dia antes, um artigo do cineasta Fernando Meirelles correu mundo, do inglês "Guardian" ao indiano "Hindu" e à francesa "Le Nouvel Observateur", sob enunciados como "Dilma, salve a Amazônia!".
Antes ainda, o "New York Times" deu longa reportagem dizendo ser uma decisão que "definiria" o governo Dilma, enquanto o "Financial Times" anunciava a chegada do "Dia D" ou "Dia G, Green Day, da presidente Dilma".
No fim, o veto foi parcial, levando à condenação por WWF e Greenpeace, dizendo não ser "o bastante para proteger a Amazônia ou a reputação de Dilma". A menos engajada Union of Concerned Scientists saudou o veto às "partes mais perigosas".
Na cobertura, "FT", "Los Angeles Times" e outros ecoaram as críticas ambientalistas, mas o "NYT" enfatizou o veto a "partes importantes" como a anistia aos desmatadores. "Le Monde" e outros foram na mesma linha. A BBC viu "solução muito usada no Brasil: tente deixar todo mundo mais ou menos satisfeito e adie o difícil para depois".
A cobertura da Rio+20 já não vinha positiva, nos meios ocidentais. Até então, o fato de maior atenção havia sido o alto custo dos hotéis, dado como motivo para a ausência do Parlamento Europeu.
Citando também a recusa do americano Barack Obama, do britânico David Cameron e da alemã Angela Merkel em comparecer, a AP destacou que "a maior conferência da história da ONU parece estar terminando em chamas".
Se os países desenvolvidos em crise decidiram evitar a Rio+20, os emergentes a abraçaram, inclusive o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, e o presidente russo, Vladimir Putin. O estatal "China Daily" publica artigos em série, sempre simpáticos à conferência _e ao engajamento de Pequim com o tema.
E o "Times of India", jornal de maior circulação no mundo, destacou na reta final que o grupo Basic (Brasil, África do Sul, Índia e China) ganhou apoio dos demais países em desenvolvimento na defesa de "responsabilidade comum, mas diferenciada", no debate sobre clima -em contraponto à Europa, que quer igual responsabilidade para velhos e novos poluidores.
Em meio aos anódinos artigos institucionais do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, publicados no "NYT", e do chanceler Antonio Patriota, no "CD", a Rio+20 se desenha como uma guerra entre ricos e emergentes.
NELSON DE SÁ é articulista da Folha.
Antes ainda, o "New York Times" deu longa reportagem dizendo ser uma decisão que "definiria" o governo Dilma, enquanto o "Financial Times" anunciava a chegada do "Dia D" ou "Dia G, Green Day, da presidente Dilma".
No fim, o veto foi parcial, levando à condenação por WWF e Greenpeace, dizendo não ser "o bastante para proteger a Amazônia ou a reputação de Dilma". A menos engajada Union of Concerned Scientists saudou o veto às "partes mais perigosas".
Na cobertura, "FT", "Los Angeles Times" e outros ecoaram as críticas ambientalistas, mas o "NYT" enfatizou o veto a "partes importantes" como a anistia aos desmatadores. "Le Monde" e outros foram na mesma linha. A BBC viu "solução muito usada no Brasil: tente deixar todo mundo mais ou menos satisfeito e adie o difícil para depois".
A cobertura da Rio+20 já não vinha positiva, nos meios ocidentais. Até então, o fato de maior atenção havia sido o alto custo dos hotéis, dado como motivo para a ausência do Parlamento Europeu.
Citando também a recusa do americano Barack Obama, do britânico David Cameron e da alemã Angela Merkel em comparecer, a AP destacou que "a maior conferência da história da ONU parece estar terminando em chamas".
Se os países desenvolvidos em crise decidiram evitar a Rio+20, os emergentes a abraçaram, inclusive o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, e o presidente russo, Vladimir Putin. O estatal "China Daily" publica artigos em série, sempre simpáticos à conferência _e ao engajamento de Pequim com o tema.
E o "Times of India", jornal de maior circulação no mundo, destacou na reta final que o grupo Basic (Brasil, África do Sul, Índia e China) ganhou apoio dos demais países em desenvolvimento na defesa de "responsabilidade comum, mas diferenciada", no debate sobre clima -em contraponto à Europa, que quer igual responsabilidade para velhos e novos poluidores.
Em meio aos anódinos artigos institucionais do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, publicados no "NYT", e do chanceler Antonio Patriota, no "CD", a Rio+20 se desenha como uma guerra entre ricos e emergentes.
NELSON DE SÁ é articulista da Folha.
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