12 de agosto de 2012

A Educação na perda de competitividade do país


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O momento tem sido de intensa discussão sobre o que fazer para evitar a deterioração da produtividade na indústria e recuperá-la. Passou-se muito tempo, até mesmo devido à preocupação oficial quase exclusiva com a taxa de câmbio, uma fixação obsessiva com a valorização do real. Tudo se resolveria se e quando o dólar voltasse para acima da faixa dos R$ 2.
Desvalorizada a moeda, com o dólar de volta a uma zona supostamente mais confortável para o empresário nacional, nada aconteceu de extraordinário, mesmo porque os mercados importadores estão em retração. Em alguma medida, esta frustração deve ter ajudado na conscientização de que o câmbio não é remédio para todos os males brasileiros.
E assim voltaram a ganhar a devida importância na agenda de discussões fatores, digamos, estruturais que emperram a máquina produtiva. Recoloca-se a grave questão do “custo Brasil”, cujos componentes mais conhecidos são uma insustentável carga tributária, deficiências de toda ordem na infraestrutura e uma burocracia sufocante. Tudo se converte em custos adicionais sobre a empresa. Como a economia hoje é bem mais aberta ao exterior, felizmente, o exportador nacional perde mercados lá fora e o fabricante nacional não consegue ter preços capazes de rivalizar com o produto importado. São todos fatores que o câmbio não conseguirá jamais compensar.
O custo Brasil tem outros componentes tão perniciosos quanto os mais conhecidos. Pesquisa feita pela Fundação Nacional da Qualidade (FNQ) e revelada pelo GLOBO aponta para um deles: a Educação. Numa consulta a 137 empresas, foi constatado que 95% delas acham que o sistema educacional brasileiro não atende às exigências dos empregadores. Não é desconhecida a baixa qualidade do ensino, mas chama a atenção a quase unanimidade na frustração das empresas com a qualidade da mão de obra que chega ao mercado de trabalho. Para a maior parcela do universo pesquisado (37%), a baixa qualidade do ensino básico explica grande parte dos problemas de competitividade das empresas. Os ensinos universitário (32%) e técnico (31%) não ficam muito atrás. Por este motivo, muitas empresas e entidades representativas de empregadores atuam direta e indiretamente para ajudar no projeto nacional de melhoria da qualidade do ensino público básico, vital para o futuro da sociedade brasileira.
Não há quem discorde deste entendimento, na área pública e na sociedade. A questão-chave é definir e executar, com a máxima eficiência, projetos de qualificação do ensino, e não apenas o básico. Como sinalizado nesta pesquisa, a qualidade do ensino superior brasileiro é relativa. Mesmo ilhas de excelência entre universidades públicas não conseguem nem de longe rivalizar em qualidade acadêmica com centros educacionais de países do Primeiro Mundo, e mesmo emergentes, como a China. Educação também é grave problema para a economia.

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